“Basta de intermediários! Lincoln Gordon para presidente!” A inscrição pichada em muros do Rio de Janeiro fazia referência direta ao embaixador dos Estados Unidos no Brasil. Com ironia, sintetizava a atuação do americano que acabou virando personagem da história brasileira, tamanha a sua capacidade de interferir em assuntos internos do País.
Naquela segunda-feira, Gordon não poderia estar mais satisfeito. Certo de que o Brasil estava à beira de uma revolução comunista, o embaixador tinha conseguido sinal verde de seu governo para dar apoio bélico à causa “democrática”. Estrategistas militares dos Estados Unidos organizavam uma força-tarefa a ser enviada para o hemisfério Sul.
Economista formado em Harvard, nos Estados Unidos, com doutorado em Oxford, na Inglaterra, o nova-iorquino Gordon era um autêntico filho da Guerra Fria, a disputa geopolítica que dividiu o mundo em dois blocos. De um lado, ficaram os países alinhados com a União Soviética. Do outro, o bloco de Gordon, liderado pelos Estados Unidos.
Aos 32 anos, ele havia trabalhado na implementação do Plano Marshall, o programa de recuperação econômica da Europa destroçada pela Segunda Guerra Mundial. Dezesseis anos depois, foi escolhido a dedo pelo então presidente John Kennedy para defender os interesses dos Estados Unidos no Brasil. Entregou suas credenciais ao governo brasileiro em outubro de 1961, um mês depois da conturbada posse de João Goulart na Presidência.
Nas eleições do ano seguinte, Gordon investiu milhões de dólares no financiamento da campanha de candidatos contrários a Goulart. Não conseguiu alterar a composição do Congresso Nacional. Por isso mesmo, passou a investir ainda mais recursos no IPES, o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais, que espalhava documentários por todo o Brasil.
Confira o documentário O Brasil Precisa de Você, do IPES
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