Estupro coletivo. Na Índia e aqui

 Jyoti Singh. Foto: Reprodução: Global Detroit Human
Jyoti Singh. Foto: Reprodução: Global Detroit Human


As cenas são fortes. Contam a dramática história da estudante Jyoti Singh, que morreu, em dezembro de 2012, aos 23 anos de idade, depois de ser estuprada e torturada com uma barra de ferro por seis homens. O crime aconteceu dentro de um ônibus em Nova Déli, capital da Índia, quando ela voltava do cinema.

O ataque, extremamente violento, gerou na época uma onda de protestos na Índia e em países vizinhos, levando a um profundo e importante debate sobre a discriminação e a violência sofridas pelas indianas. Diante das mobilizações populares, o governo foi forçado a alterar a legislação e endurecer as penas contra os crimes sexuais. Dos seis acusados, quatro foram considerados culpados e condenados à morte (um deles, menor de idade, foi condenado a três anos, outro teria se matado na cadeia), mas o filme India’s Daughter (Filha da Índia), da cineasta britânica Leslee Udwin, acabou proibido no país.

Em março último, quase 300 mil pessoas assistiram ao filme no Reino Unido. Apesar de banido na Índia, o documentário está correndo o mundo. Por aqui, será exibido nesta quarta-feira (16), no Parque Ibirapuera, São Paulo. Comove pela barbaridade e gera ira pelas declarações de um dos autores do estupro, que culpa Jyoti, a jovem que morreu depois dos abusos, pela violação.

Depois da exibição, haverá um debate, em que estarão presentes Leslee Udwin, diretora do documentário, Viviane Santiago, especialista de gênero da ONG Plan International Brasil, uma das responsáveis pelo evento, Kátia Cristina dos Reis, coordenadora-adjunta da coordenação de políticas para crianças e adolescentes da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, e Juliana Faria, da Think Olga.

No Brasil, o estupro de quatro meninas da cidade de Castelo do Piauí, a 190 km de Teresina, ocorrido em maio, também chocou o País. Até porque uma das vítimas também morreu. Difícil comparar a realidade feminina brasileira e indiana. O fato é que o estupro aqui, na Índia, onde for, é sinal de barbárie. Por isso é importante tentar entender o que não tem explicação, mas acontece e muito – 500 mil mulheres por ano são estupradas no País.  

Na tentativa de brecar esse número alarmante, India’s Daughter chega ao Brasil e marca o lançamento da campanha Quanto custa a violência sexual contra as meninas?, promovida pela Plan International Brasil, organização humanitária internacional pelos direitos da criança e do adolescente, que faz um alerta para a população brasileira: “A maioria dos estupros não é cometida por desconhecidos na rua. Por aqui, os abusos geralmente acontecem dentro de casa e são realizados por conhecidos das meninas”.

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), mais da metade dos casos de violência sexual acontece com meninas menores de 13 anos. A história da indiana Jyoti abre, mais uma vez, a fundamental discussão sobre violência sexual e direitos das mulheres.

India’s Daughter. Auditório Ibirapuera.
Parque Ibirapuera – Av. Pedro Álvares Cabral, 0 – Ibirapuera, às 20h.


Comentários

Uma resposta para “Estupro coletivo. Na Índia e aqui”

  1. Avatar de Paulo Cezar Soares
    Paulo Cezar Soares

    Vivemos em um mundo de alta tecnologia em praticamente todos os campos de atividade, mas barbáries continuam ocorrendo. Entre outras coisas, é triste, muito triste. Paradoxal e desanimador. A maldade do ser humano não tem limites.
    O debate é importante e oportuno. Alguma coisa precisa ser feita. De forma objetiva e rápida.

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