Hillary Clinton fez história na terça-feira, 7, ao amealhar votos suficientes para sua nomeação no Partido Democrata para as eleições presidenciais de 2016. Trata-se da primeira mulher a receber essa indicação nos Estados Unidos. Até 1919, com a aprovação da emenda constitucional 19, pessoas do sexo feminino não tinham direito a voto. Existe agora a possibilidade concreta da Casa Branca ser ocupada por uma “presidenta”.
Seis estados americanos votaram nas prévias do dia 7: Montana, Dakota do Sul, Dakota do Norte, Novo México, Nova Jersey e Califórnia. Destes, Hillary perdeu apenas em Montana e Dakota do Norte, somando então 2768 delegados que votarão na convenção na Filadélfia em 25 a 28 de julho próximo.
A conquista de Clinton, porém, havia sido anunciada na segunda-feira pela agência de notícias AP, seguida de outros órgãos de imprensa. Computaram-se antecipadamente os votos dos chamados “super delegados” (militantes notáveis do partido que podem votar em quem quiserem na convenção), que até então se diziam indecisos. A afobação da mídia foi um balde de água fria nos festejos planejados pela campanha de Hillary, nos esforços finais de seu rival Bernie Sanders e nos milhões de cidadãos dos seis Estados que ainda iriam votar. Era, na verdade, uma notícia que poderia ter esperado mais um dia para ser dada, mesmo porque já se sabia que Hillary reuniria maioria dos votos de delegados saídos de prévias logo após o anúncio do resultado da votação de Nova Jersey. Os jornalistas mais atinados tinham informações sobre as preferências de super delegados indecisos desde finais de abril e nem por isso se apressaram em dar o duvidoso furo de reportagem.
De todo modo, Hillary novamente será a primeira mulher a concorrer à Presidência. Foi a primeira mulher senadora por Nova York e a segunda a ocupar a Secretaria de Estado. Mas para voltar à Casa Branca, onde viveu como primeira-dama, ela ainda terá de convencer seu rival partidário de que ele não tem mais chances de ser o indicado. Bernie Sanders teimosamente insiste que ainda tem chances de operar um milagre portentoso na convenção. Isso retarda a unificação do partido incitando a fúria de seus correligionários que ameaçam não votar em Clinton em novembro. Caso isso ocorra será um desastre para o Partido Democrata. Apesar de ter tido uma semana de pesadelos por causa de suas tiradas racistas, o republicano Donald Trump ainda se mantém quase empatado nas pesquisas de opinião.
Pelo que se viu no discurso da vitória de Hillary num salão do Brooklyn nova-iorquino, sua campanha insistirá na importância de se eleger uma mulher para o comando do país. Resta saber se a maioria dos cidadãos concorda. Pesquisas de opinião indicam que grande parte do eleitorado feminino mais jovens- as chamadas “millenniums”- não acha que o gênero de uma pessoa lhe dá necessariamente maiores qualificações para ocupar a Presidência.
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