Um cenário de destruição. Subsolo. Subterrâneo. Subgente. Conflitos de raça. Conflitos de idade. Não sobra pó.
Assim é o que se passa em a Hora Amarela, do dramaturgo norte-americano Adam Rapp. Dirigida por Monique Gardenberg, a ação se passa em algum momento futuro, no qual hordas de bárbaros – sugere-se que são árabes- destróem Nova Iorque . E em apenas um momento se pode sair: na hora do crepúsculo, a hora amarela.
Momento de liberdade fugidia e mutante no qual se depositam as esperanças de se escapar a prisão involuntária, do abandono não compreendido. Escondida há três meses no porão de seu prédio, Ellen (Deborah Evelyn) faz de tudo para sobreviver e não perder a esperança de rever o marido desaparecido. No desenrolar da peça, ela é surpreendida com a chegada de diferentes personagens, como Maude (Isabel Wilker), jovem viciada em drogas à procura de abrigo, o professor Hakim (Michel Bercovicth), que traz notícias do mundo externo e um fugitivo Sírio (Daniel Infantini) que não consegue se comunicar por não falar outra língua. A situação se torna cada vez mais desoladora e Ellen tenta desesperadamente seguir em frente e se manter viva.
“Hora Amarela é diferente de tudo que já fiz. Logo que recebi o convite de Deborah e Mônica fiquei resistente. Nunca havia imaginado encenar uma ficção científica. Mas aos poucos fui me dando conta que, embora a história se passe no futuro, tudo o que acontece em cena já foi, de uma forma ou de outra, produzido pelo homem, tem uma base real que a torna assustadora e nos faz refletir sobre os caminhos da humanidade”, conta Monique sobre o texto.
É guerra da pior espécie. É guerra de Maude querendo leite para seu filho sobreviver. É guerra de Hakim para tentar explicar o mundo que ficou lá fora. É guerra do fugitivo que tenta escapar à perseguição. E sobretudo é a guerra de Ellen para tentar se resgatar como mulher.
Adam Rapp, também roteirista, diretor e músico, assim fala sobre sua própria obra: “Quando vemos alguma coisa muito poderosa no teatro, toca no nervo assim como a música também toca no nervo. Ver alguém, a uma certa distância, sendo maltratado ou se apaixonando… Existe algo cru nessa experiência que não se vê nem no cinema e nem na tv”.
A Hora Amarela é destruição, desnudamento. É o teatro nu e cru.
Pedra bruta
Texto: Adam Rapp
Tradução: Isabel Wilker
Direção: Monique Gardenberg
Elenco: Deborah Evelyn, Isabel Wilker, Michel Bercovitch, Darlan Cunha, Daniel Infantini e Daniele do Rosario
Cenografia: Daniela Thomas
Figurinos: Cassio Brasil
Iluminação: Maneco Quinderé
Trilha Sonora Original: Lourenço Rebetez e Zé Godoy
Realização Calligaris Produções Literárias e Artísticas
SERVIÇO
Hora Amarela
Até 29 de março
Teatro do Sesc Bom Retiro – 291 lugares.
Al. Nothmann,185 – Campos Elíseos
Ingressos- valores: de R$ 9,00 a R$ 30,00.
Horário: Sextas às 20h; sábados às 19h; domingos às 18h.
Não recomendado para menores de 16 anos. Duração 90 min.
Acessibilidade: Entrada com acesso para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. Poltronas reservadas para cadeirantes.
Estacionamento próprio: R$4,00 e R$8,00.
Leia mais sobre Hora Amarela na coluna de Evaristo Martins de Azevedo na edição de março de Brasileiros.
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