O dileto midiota ainda não se deu conta, mas a cruzada dos impolutos contra a corrupção dos adversários entrou em processo de entropia.
Fragmentos de informações colhidas aqui e ali permitem observar como o plano elaborado para tirar da cena política o ex-presidente Lula da Silva chegou a um impasse: se avança no mesmo ritmo e com a mesma determinação, os efeitos colaterais serão insanáveis.
Mesmo o mais “distraído” entre os midiotas deve ter notado que o presidente interino, instalado no Planalto como parte do projeto de poder daqueles que não o alcançaram pelas urnas, não tem as condições mínimas de governar: seu braço direito, ameaçado pelas garras do justiceiro de Curitiba, um dia é ministro e no outro foi rebaixado de cargo.
Segue, portanto, sujeito a levar subitamente pela frente uma dessas denúncias que, no atual sistema jurídico, determinam o cumprimento da pena de prisão antes da condenação.
Moreira Franco, o conhecido “Angorá”, é o limite. O sr. Michel Temer decidiu jogar a toalha e concordou em definir seu legado político com a pomposa cena do pacto pela governabilidade, que fez a glória do ex-presidente José Sarney.
Diga-se, de passagem, que este também se alinha entre os personagens tidos como “efeitos colaterais” da caça a Lula.
Observe o caro leitor, midiota ou pessoa polida no trato da mídia, que há duas vertentes nesse processo de contenção da Operação Lava Jato: um deles nasce no ninho de cobras do Congresso, por meio do projeto 4424/16, que pode encobrir falcatruas ao vedar a possibilidade de a Justiça Eleitoral punir os partidos que tenham rejeitadas suas prestações de contas anuais.
Esse, evidentemente, é um ato condizente com o esprit de corps da quadrilha que conduziu o processo do impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff.
Mas há um outro movimento em curso.
Ele se consolidou nos funerais da ex-primeira dama Marisa Letícia Lula da Silva, quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi dar um abraço em Lula e depois chamou para um conversa o ministro do STF Gilmar Mendes, seu dileto correligionário.
Mendes, em seguida, ligou para Lula e reatou relações com ele.
Nesse meio tempo, FHC foi depor no processo da Lava Jato e inocentou Lula da Silva de todas as acusações que lhe foram apresentadas, inclusive de supostas irregularidades na guarda do acervo do ex-presidente.
Fernando Henrique está convencido de que, no andar da carruagem, os danos colaterais da Lava-Jato podem inviabilizar o País por um longo período.
Um de seus interlocutores teria dito que a obsessão do juiz Sérgio Moro em colocar na cadeia o ex-presidente Lula da Silva chega ao nível da obscenidade.
Um bom recurso para exercitar o senso crítico diante do emaranhado de opiniões, depoimentos, vazamentos e meros chutes que proliferam na mídia hegemônica, é buscar fontes alternativas de informação.
Esta revista, por exemplo, ou, no caso específico das questões jurídicas, o site Migalhas, que traz detalhes sutis e aberrações explícitas sobre o processo que agora vai residir no Supremo Tribunal Federal.
A linguagem de Migalhas reanima o tradicional espírito das Arcadas, vem recheada de ironia, e costuma manter o foco no que deveria ser o bom Direito.
Lendo criticamente o noticiário nos próximos dias, até o mais crédulo midiota vai perceber que estão em curso, portanto, o processo da pizza – conduzido pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ex-presidente do Senado, Renan Calheiros – e o pacto pela governabilidade, que tem como articuladores principais Fernando Henrique Cardoso e Gilmar Mendes.
Lula da Silva declarou a um auxiliar que não irá interferir nesse processo e que apenas espera ter um julgamento justo.
Quanto a Michel Temer, o presidente interino está sendo convencido a preferir o pacto à pizza, porque isso daria um lustro em sua biografia: ele seria apresentado como o homem que pacificou o País.
Resta saber se tem porte para tanto.
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