A mais recente grande anedota do governo enterino é a resposta do ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) diante da revelação de que uma conta em seu nome num banco suíço movimentou e sacou US$ 833 milhões no final de 2011.
Ele garante que o dinheiro foi depositado e sacado por terceiros.
O episódio lembra a piada sobre o ladrão que foi apanhado levando às costas um leitão do vizinho: “Leitão? Que leitão? Tirem esse porco daqui, quem botou esse bicho na minha cacunda?”
Infelizmente, não há como rir da sucessão de escândalos que transformam Brasília numa verdadeira pocilga.
Por mais que se esforcem os integrantes da Operação Lava-Jato, não há como ocultar a insustentabilidade do grupo que ascendeu ao Planalto após o impeachment da presidente eleita em 2014.
Por exemplo, a lista de perguntas dirigidas ao presidente Temer pelo ex-deputado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha indica o caminho mais curto para o indiciamento do chefe do governo.
As questões, que foram censuradas pelo juiz Sérgio Moro e que no primeiro momento não provocaram a menor curiosidade entre os editores da imprensa hegemônica, indicam que:
1. Michel Temer era presidente do PMDB quando o atual ministro Wellington Moreira Franco foi nomeado vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa Econômica Federal (em 2006).
2. O cargo deu ao atual ministro da Casa Civil controle sobre os R$ 230 bilhões depositados em 30 milhões de contas ativas do FGTS.
3. Quando deixou a CEF, para negociar a candidatura de Temer na chapa liderada por Dilma Rousseff, o então presidente do PMDB indicou para o seu lugar o executivo Joaquim Lima, que depois veio a ocupar a presidência da instituição, compondo a mesa diretora com outros apadrinhados do ocupante do Planalto, entre eles André Luiz de Souza, representante da CUT, que foi para o conselho do FGTS.
4. Souza é um dos acusados de participar de um esquema que desviava recursos do fundo de reserva dos trabalhadores.
5. Eduardo Cunha sugere que Temer coordenou um esquema de financiamento de campanha no FGTS, e suas perguntas oferecem um mapa da operação, com datas e nomes.
Curiosamente, nenhum daqueles comentaristas incansáveis da TV questionou por que razão esses detalhes ficaram de fora do conteúdo repassado pelo juiz Sergio Moro ao presidente da República.
Qual é o interesse do magistrado paranaense em limitar e condicionar as provocações de Cunha?
As perguntas só vieram a público, e ainda assim sem destaque nos telejornais, e foram estampadas nos principais diários meio timidamente, porque um juiz de Brasília, Vallisney de Souza Oliveira, as incluiu no processo contra um dos apadrinhados da cúpula do PMDB, Fábio Cleto, também presenteado com uma vice-presidência da Caixa Econômica, acusado de colher dinheiro de empresas dedicadas à construção de um porto no Rio de Janeiro.
Eduardo Cunha tenta se safar da prisão e manda avisos com cara de chantagem.
Provavelmente são sinais de que pode envolver seus parceiros hoje encarapitados na Praça dos Três Poderes.
E você, midiota, ainda acredita que o juiz Moro conduz um processo judicial.
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