Você assiste ao Jornal Nacional e se impressiona com as caras e bocas dos apresentadores quando falam da economia brasileira? Fica assombrado com as manchetes catastrofistas dos principais diários do País? Repete por aí o que dizem os comentaristas das emissoras de maior audiência? Acha realmente que o Brasil foi para o ralo, e que a causa é o modelo econômico que desperdiça recursos com programas sociais?
Esses são sintomas muito claros de midiotice, que impede de ver distorções entre a realidade e o retrato pintado pela mídia hegemônica.
Por exemplo, você entendeu o que significou a manutenção da taxa oficial de juro, quando todos os especialistas apostavam num novo aumento de 0,5 ponto porcentual?
Nem se pergunta o que os especialistas vão fazer com as apostas que deram errado?
Bem, o autêntico midiota realmente não se propõe esses questionamentos e absorve como verdadeiro tudo que encontra no chamado ecossistema da imprensa tradicional.
Mas, não seria o caso de fazer uma pequena reflexão? Por exemplo, se o Brasil realmente está no fundo do poço, por que você precisa esperar uma hora ou mais para conseguir uma mesa naquele restaurante?
Vou dar aqui uma lista de livros interessantes que ajudam a entender de que lado está a mídia tradicional: A Armadilha da Globalização, de Hans-Peter Martin e Harald Schumann, O Horror Econômico, de Viviane Forrester, A Economia da Desigualdade, de Thomas Piketti.
O que você vai concluir dessas leituras: uma aliança tácita entre o poder econômico e a imprensa dá corpo e voz ao discurso da unanimidade contrária a qualquer tentativa de esclarecimento das muitas e profundas contradições do sistema financeiro mundial.
Se fica difícil ler até o fim um livro que ameaça tirar você dessa condição, vá ao cinema. Está em cartaz o filme A Grande Aposta, baseado no livro do ex-corretor de valores Michael Lewis, que escreve para a agência Bloomberg News. Ali está desenhada, de forma didática, a origem da crise que o Brasil enfrenta. Você vai entender como aconteceu a crise financeira de 2008 e de como ainda pagamos os prejuízos causados pela grande fraude de Wall Street.
Mark Spitznagel, que na ocasião ganhou um bilhão de dólares ao apostar contra as especulações com a securitização de financiamentos imobiliários, vem anunciando uma nova quebra no mercado mundial de ações. Boletins de analistas americanos, como os da Newsmax Finance, alertam que grandes fundos de investimento estão com excesso de liquidez e que o sistema produziu uma gigantesca bolha, como a que explodiu em setembro de 2008.
Eles precisam encontrar ativos mais sólidos para aplicar seu dinheiro virtual. Não é difícil adivinhar quanto interesse teriam em governos favoráveis a uma massiva privatização de bens públicos, certo?
Quando você acha que vai ler isso na imprensa hegemônica ou ouvir um comentário daquele seu colunista tão apreciado?
O que isso tem a ver com o noticiário demonizando o governo, a política econômica brasileira e pregando a conveniência de entregar o País aos caprichos do mercado?
Você repete o discurso hegemônico da imprensa. Você é um midiota.
Então, por que ficar macaqueando que o Brasil foi à falência por culpa dos políticos se, no final, é você quem vai pagar a conta?
Para ler: “George Soros alerta para novo crash”, em Business Insider.
*Jornalista, mestre em Comunicação, com formação em gestão de qualidade e liderança e especialização em sustentabilidade. Autor dos livros “O Mal-Estar na Globalização”,”Satie”, “As Razões do Lobo”, “Escrever com Criatividade”, “O Diabo na Mídia” e “Histórias sem Salvaguardas”
Deixe um comentário