Jorge Caldeira é um escritor preocupado em explicar o Brasil por meio de seus personagens, sejam eles barões ou índios tupinambás.
Autor de Mauá – Empresário do Império, A Nação Mercantilista, Viagem pela História do Brasil, ele agora nos traz, em quatro volumes e mais de 1.500 páginas, o Brasil e o mundo de Júlio Mesquita. Funcionário do periódico republicano A Província de São Paulo, o advogado nascido em Campinas começa a comprar, em 1888, as cotas dos sócios do jornal, entre eles o futuro presidente da República, Manuel Ferraz de Campos Sales. Em 1901, torna-se o dono e muda o nome para O Estado de S. Paulo.
Brasileiros publica o primeiro capítulo de Júlio Mesquita e seu Tempo. Nesse instigante trecho, a obra de Caldeira tem como cenário a cidade de São Paulo e o prédio do Automóvel Clube – que hoje não mais existe – cuja varanda está retratada na foto aqui ao lado.
Entrevistado pela nossa redatora-chefe, Fernanda Cirenza, Caldeira mostra como Mesquita inventou o jornal moderno no Brasil. Com isso, deu início a um ciclo importante do jornalismo brasileiro, baseado na pluralidade, na independência, nas coberturas eficientes e nas grandes reportagens. Há tempos esse ciclo se encerrou.
O ciclo que agora está em risco é o do Partido dos Trabalhadores. Às vésperas de seu 5o Congresso, o partido fundado em meio à ditadura militar, que construiu uma trajetória histórica, tem hoje futuro incerto. Nesta edição, Luiza Villaméa, Manuela Azenha e Vinícius Mendes relatam o que pensam alguns dos principais personagens do partido e o que pretendem fazer para tirar o PT da UTI.
Mas, pior que tudo, algo que começa a se configurar como ciclo é o preconceito, a estupidez e o fascismo. Tem como alvo quadros do Partido dos Trabalhadores e ex-integrantes do governo. É importante que seja abortado antes que provoque reações.
Essa intolerância não serve ao Brasil, como diz outro de nossos entrevistados desta edição, o publicitário Celso Loducca. Ele falou com o repórter Marcelo Pinheiro sobre o impacto do antagonismo político: “Estamos em um momento de retrocesso. O País está voltando a um conservadorismo absurdo e este espírito de ódio crescente dos últimos meses não nos ajuda em nada”.
Deixe um comentário