“Não posso procurar sozinha, mas tenho esperança de que comecem a trabalhar de novo. Enquanto eu viver, vou ter esperança”, diz Ilda Martins Gomes, sobre a busca dos restos mortais do marido, Virgilio Gomes da Silva, desaparecido aos 36 anos, em 30 de setembro de 1969.
Três semanas antes, Virgilio tinha comandado o sequestro do embaixador americano no Brasil, Charles Burle Elbrick, que culminou com a libertação de 15 presos políticos brasileiros. Esclarecer as circunstâncias da morte e desaparecimento de Virgilio está entre as recomendações feitas no relatório final da Comissão Nacional da Verdade.
Hoje com 83 anos, Ilda lembra que soube da morte sob tortura do marido quando ela própria estava presa, no DOPS de São Paulo. “Eu não tinha participação em nada e fui presa junto com três dos meus quatro filhos. Não queria me separar deles de jeito nenhum, mas sumiram com os meninos por dois meses. Isabel, a menor, tinha só quatro meses”, conta Ilda.
Seu marido, militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), é um dos 210 desaparecidos do Brasil cujos restos mortais ainda não foram localizados. No total, pelo menos 434 pessoas foram mortas durante a ditadura, de acordo com o relatório da comissão.
Ilda já passou mais de uma semana acompanhando escavações no Cemitério de Vila Formosa, em São Paulo, onde o corpo de Virgilio pode ter sido enterrado, como indigente. “Não deu em nada. Tinham reformado o cemitério ”, conta. “Se tiver alguma novidade, vou para lá de novo.”
Leia mais na reportagem Ilda Ainda Espera por Notícias, que publiquei na Brasileiros, assim que a Comissão Nacional da Verdade foi instalada, em 2012.
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