
Tolerância nunca foi o forte da política nacional. O fenômeno se reflete em fotografia de 1892, com intelectuais, militares e até um nobre no exílio em Cucuí, na tríplice fronteira entre o Brasil, a Colômbia e a Venezuela. Se é longe hoje, imagine naquela época.
Todos eles eram adversários do marechal Floriano Peixoto, o segundo presidente do Brasil. Presos no Rio de Janeiro, foram mandados para a Amazônia. O negro de barba, terceiro da esquerda para a direita, é o jornalista José do Patrocínio, abolicionista de primeira hora.
Sobre Cucuí, José do Patrocínio escreveu: “O lugar é muito doentio. Toda a gente é amarela, doentíssima do fígado e dos sezões. Depois de nossa chegada aqui, 4 de maio, até hoje, 15, já se enterraram dois cadáveres e a população não chega nessa redondeza a 200 almas”.
Consegui uma cópia da foto histórica com a filha do capitão Sérgio Miranda de Carvalho, aquele que denunciou o plano de um brigadeiro de extrema direita para explodir o gasômetro do Rio em 1968.
Setenta e seis anos antes, o avô do capitão Sérgio integrou o grupo despachado para a Amazônia, que ficou conhecido como “os desterrados de Cucuí”. Na foto, ele é o primeiro à direita.
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