Um dos mais ativos conspiradores civis contra o presidente João Goulart, o governador de São Paulo, Adhemar de Barros, convocou a imprensa para uma “notícia bombástica”. Conhecido pelo slogan “rouba, mas faz”, Adhemar anunciou a descoberta de um plano de invasão de terras em todo o Brasil, a ser desencadeado assim que acabasse o comício da sexta-feira 13. E alertou: a polícia paulista já estava de prontidão.
O decreto de desapropriação de terras, que o presidente João Goulart planejava assinar no dia do comício, era um dos principais alvos da campanha de desinformação articulada pelos adversários do governo. O decreto se referia apenas a latifúndios improdutivos, situados a menos de dez quilômetros de rodovias e ferrovias federais.
Em tempos de radicalização política, aqueles que articulavam a derrubada do presidente divulgavam que o decreto significava o fim da propriedade privada no País. Em visita ao Arsenal da Marinha, no Rio de Janeiro, João Goulart começou a quarta-feira 11 de março tentando contemporizar, mas acabou colocando mais lenha na fogueira.
“O que ameaça a democracia é a fome, é a miséria, é a doença, mas nunca o povo em praça pública, no uso de seus direitos legítimos e democráticos. Não é o encontro do povo com seu presidente que pode ameaçar a democracia, nem a luta que empreende para que se reformulem as velhas estruturas que não atendem mais ao nosso desenvolvimento”, disse o presidente pela manhã.
Poucas horas depois, o ministro da Guerra, Jair Dantas Ribeiro, finalmente aprovou o plano de segurança para o comício da Central do Brasil. Junto ao palanque, vão ficar pelo menos 200 homens. Nas emissoras de rádio do Rio de Janeiro, a política dá o tom. Mas também há tempo para a música, em especial os sambas-enredos do último Carnaval. Entre eles, se destaca Aquarela Brasileira, da Império Serrano, composto por Silas de Oliveira.
Confira o samba-enredo da Império Serrano que se tornou um clássico:
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