As reformas de base, como eram chamadas as mudanças estruturais propostas pelo governo João Goulart, continuavam atacadas e defendidas de forma aguerrida em todo o Brasil. O clima era de convulsão, mas o protocolo do Palácio Laranjeiras ainda tentava manter a linha. E colocou na agenda presidencial o nascimento do príncipe Edward, no Palácio de Buckingham, em Londres, ocorrido dois dias antes.
“Em nome do governo brasileiro e em meu próprio nome, rogo à Vossa Majestade aceitar, com sua Alteza Real o príncipe Philip, nossos mais calorosos votos pela felicidade pessoal do príncipe recém-nascido”, dizia o telegrama enviado pelo presidente João Goulart à rainha Elizabeth II, naquela quinta-feira. Edward, o novo bebê real, tinha três irmãos mais velhos: Anne, Charles e Andrew.
No Brasil, a véspera do comício fez emergir personagens pouco conhecidos no cenário nacional, como Lêda Campos, que, de Belo Horizonte falou em nome da Campanha da Mulher Patriota. O apelo de Lêda era para que em “todos os lares que amam realmente este nosso Brasil” fossem acessas velas nas janelas da frente, às 19 horas do dia seguinte, “pedindo a Deus para que proteja o Brasil e o salve do comunismo”.
Enquanto isso, no Rio de Janeiro, o comércio se preparava para fechar as portas no dia seguinte. Os bancos iriam funcionar, mas só até o meio-dia. A maioria dos brasileiros planejava acompanhar o comício e seus desdobramentos pelo rádio. No País de quase 80 milhões de habitantes, o número de aparelhos de tevê não passava de dois milhões.
Nas casas com aparelho de tevê, as crianças tinham hora certa para dormir: 20h30. É quando entrava no ar uma propaganda lançada cerca de dois anos antes, pelos Cobertores Parahyba, com um ultimato em tom de cantiga de ninar: “Já é hora de dormir, não espere mamãe mandar!”.
Confira a propaganda que marcou os anos 1960:
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