Última mesa da sexta-feira (3), na faixa apelidada de “Sexo, livros e rock ‘n’ roll”, “Os Imoraes” reuniu o romancista Reinaldo Moraes e a crítica literária Eliane Robert Moraes para falar sobre literatura erótica e pornográfica.
A mediação da mesa ficou aos cuidados do nosso editor do caderno de literatura, Daniel Benevides, que avisou logo de cara que todo cuidado seria pouco com as palavras, sempre prontas para ganharem novos sentidos quando o assunto é sexo. Dito isso, tratou de fazer a “introdução” dos autores.
Reinaldo Moraes falou de seu livro mais recente, a coletânea de crônicas O cheirinho do amor, com textos publicados originalmente na revista Status. Comentou especificamente sobre o desafio que encarou para fugir do didatismo, já que não é um especialista do assunto, e da ficção – queria produzir crônicas baseadas nos temas do momento. “Os assuntos chovem”, comenta ao lembrar, por exemplo, da história do homem que tinha dois pênis, um prato cheio para várias sacadas.
Já Eliane Robert Moraes contou um pouco sobre a produção da Antologia da Poesia Erótica Brasileira, trabalho de pesquisa extenso, iniciado há dez anos. Ainda teve tempo de “cutucar” os bests-sellers eróticos recentes, avisando que os leitores deveriam buscar mais a literatura brasileira, infinitamente mais rica.
Provavelmente foi uma das mesas mais engraçadas desta edição, com os dois autores arrancando risadas das platéia o tempo todo, em uma mesa recheada de leituras – entre elas, textos de Gregório de Matos, Adélia Prado, Dalton Trevisan, entre outros. Eliane também leu duas crônicas de Reinaldo, uma delas sobre o pênis (dona de trechos como “Pênis, logo existo”). Reinaldo leu o sugestivo poema A pica ressuscita a mulher morta, presente na antologia de Eliane.
A leitura surpresa da noite foi o texto inédito que Reinaldo Moraes trouxe especialmente para a Flip.”Psicografando” Machado de Assis, ele criou duas cenas de sexo entre Brás Cubas e Virgília, esquentando o clássico Memórias Póstumas de Brás Cubas. “Lendo o livro pela milésima vez, me questionei: onde eles trepam?”.
Sabendo do tamanho da responsabilidade (olha o trocadilho aí mais uma vez), Reinaldo tratou de avisar: “Vocês vão perceber que ele não escreve tão bem quanto era vivo”. Aplaudido ao fim da leitura, com direito a elogios de Eliane, voltou atrás: “Machado é foda”. O texto machadiano de Reinaldo pode ser lido no link disponibilizado pela própria Flip.
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