Felizmente, dois espetáculos estão de volta aos palcos e que precisam ser vistos por quem não teve a chance de assistir antes, quando ganharam vários dos mais importantes prêmios do teatro. E quem os viu, certamente, irá voltar para revê-los.
O primeiro deles é Cais ou da Indiferença das Embarcações, com a direção de Kiko Marques, que ganhou o Prêmio Shell e o APCA de melhor autor de 2013.
O espetáculo -que também foi indicado a vários outros prêmios, como o de melhor espetáculo e de melhor direção do ano, atendendo a inúmeras campanhas feitas pelas redes sociais- volta, para essa temporada em 2014. Em cena, artistas, músicos e atores da Velha Companhia, e um narrador, o barco, contam a fascinante história de amor entre a menina e o rapaz mais velho separados pela revolução de 30 e pelo Estado Novo. E a saga de três gerações em uma Ilha. Sem dúvida, um dos espetáculos esteticamente mais bonitos e emocionantes dos últimos anos. Agora, no Sesc Ipiranga.
O segundo é 12 Homens e uma Sentença, que ganhou o Prêmio APCA de melhor espetáculo de 2010 e teve duas indicações (melhor diretor e melhor ator) ao Shell daquele ano.
Dirigido por Eduardo Tolentino, 12 Homens e uma Sentença debate sobre a acusação de um homem acusado de matar o pai. Ao longo do drama, o júri vai se revelando ao entender as circunstâncias do crime, e colocando em dúvida a convicção acerca da culpa do réu.
Reviravoltas sensacionais marcam o espetáculo, que subverte a lógica dos julgamentos displicentes da justiça de nossos dias. Ausência muito sentida agora é a do ator, diretor e um dos fundadores do Teatro de Arena, Zé Renato, que morreu durante a temporada de 2011. Dessa vez, no Teatro Nair Belo.
São dessas peças que não deveriam, nunca, sair de cartaz!
Perturbador
Além desses dois espetáculos, também é perturbador, mas oportuno, o resgate da peça Muro de Arrimo, que foi um retumbante sucesso de público e crítica em 1975, logo após a Copa do Mundo de 1974, de Carlos Queiroz Teles, com Antônio Fagundes, sob a direção de Antônio Abujamra.
Agora, em um contexto muito parecido, a peça volta ao mesmíssimo palco do Teatro Aliança Francesa, adaptada por conta da derrota do Brasil na Copa de 2014.
Dessa vez com a direção de Alexandre Borges, o monólogo conta a história do pedreiro que trabalha em um andaime, no alto de um prédio, no dia do jogo do Brasil, justamente o da derrota da nossa seleção. Desafio enorme para o jovem ator Fioravante Almeida, que, depois de quase dez anos no Teatro Oficina, faz essa tragédia brasileira que revela o quanto mudou -ou do quanto pouco mudou!- no País nesses últimos 40 anos.
Rever um grande espetáculo no teatro é sempre uma experiência muito instigante, em especial quando se trata de uma peça muito premiada ou muito marcante. Ou remontagens de peças de grande sucesso. Agora, temos três oportunidades para revisitar essas emoções, de volta aos palcos.
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