Terça-feira, 10 de março de 1964

Brigitte Bardot em Buzios com seu namorado marroquino.
Brigitte Bardot em Buzios com seu namorado marroquino.

Naquele final de verão, ainda se falava muito na Bardot Mania. É que a estrela do filme E Deus Criou a Mulher estava no Brasil desde o começo de janeiro. No auge da beleza e da fama, Brigitte Bardot causou furor ao chegar, mas passou rápido pelo Rio de Janeiro. Na sequência, se isolou com o namorado (o marroquino Bob Zagoury) em Búzios, uma pacata vila de pescadores com quatro mercadinhos e cerca de 400 moradores.

A menos de 200 quilômetros do paradisíaco retiro de Brigitte Bardot, o gabinete militar do presidente João Goulart andava em polvorosa. Uma das preocupações era com um palanque, em fase de montagem, na praça da Estação Ferroviária Central do Brasil, no Rio de Janeiro, bem em frente à sede do Ministério da Guerra. Um grande comício estava marcado na praça, para a sexta-feira 13. O presidente seria o último orador.

Havia o cuidado para que João Goulart ficasse fora de uma possível linha de tiro. Afinal, os ânimos estavam exaltados. O presidente estava prestes a anunciar mudanças que contrariavam boa parte da elite do País. E, apenas 109 dias antes, o presidente americano John Kennedy tinha sido baleado e morto enquanto percorria em carro aberto a cidade de Dallas. A visita seria um marco da campanha pela reeleição de Kennedy. Acabou em tragédia.

No Brasil, um dos mais inflamados adversários civis do presidente era Carlos Lacerda, governador da Guanabara, Estado criado três anos antes, no território da cidade do Rio de Janeiro. Não por acaso, a polícia da Guanabara já tinha sido dispensada pela Presidência de atuar no comício. Na sexta-feira 13, a segurança ficará por conta de soldados e oficiais fardados do Exército, da Marinha e Aeronáutica.

Fuzileiros navais à paisana também estarão na praça e arredores. Serão, no total, 2.500 homens, todos exibindo o indefectível “corte de reco”. Eles não precisavam, mas muitos dos homens que se preparavam para ocupar o palanque e a praça eram useiros e vezeiros de um produto “que não emplasta o cabelo do homem”. 

Confira uma propaganda de sucesso na época:  



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