Valeu, David Carr

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David Carr participou da Flip 2014 – Foto: Walter Craveiro/Flip

O jornalista David Carr morreu na quinta-feira (12) após um mal-estar súbito. Colunista do New York Times, passou mal na redação do jornal e faleceu no hospital St. Luke’s-Roosevelt.

Era dos grandes no ramo, defensor da presença do jornalista na rua (chegou a abordar esse tema em sua fala na última Flip). Mesmo em sua coluna Media Equation para o Times, onde abordava a mídia e suas relações com a economia, cultura e política, ele não abandonava a rua. 

Basta dar uma olhada em uma de suas últimas colunas. O texto “Selfies on a Stick, and the Social-Content Challenge for the Media” começa com Carr vendo um casal usando um pau de selfie em frente ao New York Times e vira uma análise complexa, mas muito direta sobre como o excesso de redes sociais e de conteúdo criado por pessoas comuns nos toma um tempo que pertencia a velha mídia. De uma cena corriqueira, Carr cria uma reflexão lotada de informação sobre uma das questões que mais dá dor de cabeça para qualquer um que trabalhe com mídia hoje.

Em outras palavras, coisa de quem tem bom olhar, jornalista nato. Fora seu bom texto e afinco no trabalho. Tratou até a própria vida jornalisticamente no livro de memórias A Noite da Arma. Para escrever sobre si mesmo, investigou seus tempos de vício pesado em drogas como se trabalhasse na história de um personagem qualquer, ciente de que não podia confiar apenas na própria memória. Um trabalho de pesquisa pesado que durou dois anos.

O resultado é um absurdo, aula prática de jornalismo – aliás, uma ótima leitura para quem gosta de escapar do carnaval investindo em um bom livro. E vamos lá, ele merece. 

Para ler mais:
O obituário de Carr no NY Times 

As colunas dele no Times


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