Foi em uma viagem de cerca de 15 dias para a fazenda Piracema (RJ), próxima ao Rio Paraíba do Sul, em dezembro de 2011, que a banda carioca Do Amor concebeu grande parte de seu novo disco. Ali, cozinhando, bebendo, compondo, e tocando, os quatro integrantes se afastaram do estresse urbano, do cotidiano corrido e de seus outros projetos musicais, e puderam “amadurecer como um organismo só”, como explica o guitarrista e cantor Gustavo Benjão, 35. Agora, dois anos depois – e três após o aclamado disco de estreia Do Amor – Benjão, Marcelo Callado, 34, Gabriel Bubu, 33, e Ricardo Dias Gomes, 32, lançam o segundo trabalho, Piracema, produzido por Daniel Carvalho.
“Além de ser o nome da fazenda, piracema é também o movimento que os peixes fazem, nadando contra a correnteza para procriar. Nós, quando resolvemos fazer um disco de 18 músicas, nos sentimos nadando contra a corrente também. Então acabou que esse nome fez sentido”, conta Benjão. De fato, discos tão extensos são raros atualmente. Mas o número de faixas é compreensível no caso do Do Amor, já que todos os membros são compositores bastante produtivos – o disco de estreia já tinha 14 faixas, por exemplo.
Com as múltiplas referências musicais trazidas por cada um – vale ressaltar que Callado e Dias Gomes integram a banda de Caetano Veloso e Benjão e Bubu a de Rodrigo Amarante –, Piracema é um disco que, sem perder a identidade, passeia por uma diversidade de ritmos e gêneros. De canções com arranjos intimistas e melancólicos, como Ar, ao rock pesado de Minha Mente; da levada pop de Ofusca ao reggae de Life Is; do carimbó de Eu vou pra Belém à levada caribenha de El Cancionero; tudo surge com a personalidade do Do Amor.
Em língua estrangeira
Assim como no primeiro disco, o grupo apresenta algumas canções com letras em inglês, como a bem-humorada I´m a Drummer, de Callado e Bubu: “I’m a drummer/ And my life is such a drama/ I just don’t know anything of melodies/ And harmonies” (Eu sou um baterista/ E minha vida é um drama/ Eu não sei nada de melodias/ E harmonias). Segundo Benjão, compor na língua estrangeira é natural: “A gente ouve música cantada em inglês há bastante tempo… É um desafio bacana fazer músicas em outra língua. Eu, apesar de falar um inglês macarrônico, gosto de escrever em inglês… Acho legal pensar que você pode atingir pessoas diferentes, com culturas diferentes”.
Não é só a língua inglesa, neste sentido, que surge como influência, mas a própria sonoridade da música britânica dá o tom em algumas faixas. “É uma referência, mas acho que ela se equilibra com tantas outras dentro desse disco. Talvez estejamos cada vez mais sujos e roqueiros… Ou então mais brejeiros e forrozeiros… Enfim, tudo cabe. Tudo pode!”, diz Benjão. De fato, a audição de Piracema sugere que a liberdade criativa pauta o trabalho Do Amor, e talvez por isso mesmo o disco resulte tão rico e original. Merece ser ouvido com atenção.
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