A história da música popular mundial tem sido contada de diversas formas. Em mercados onde a cultura de massa é objeto regular de reflexões críticas, como o americano e o europeu, há um sem-número de biografias de grandes artistas, ensaios sobre movimentos divisores e análises das mudanças ocorridas em transições geracionais. No Brasil, essa seara editorial começou a ser explorada com maior frequência a partir do início Século 21, com o lançamento de dezenas de biografias e livros dedicados a gêneros musicais que marcaram a produção brasileira, como o samba, a bossa nova, a jovem guarda, o tropicalismo, a MPB dos anos 1970, o hoje chamado RockBR, que assolou os anos 1980, e as sonoridades miscigenadas surgidas na década seguinte a partir de Recife, com as proposições do manguebit.
Com exceção de 1973 – O Ano que Reinventou a MPB (Editora Sonora), livro publicado em 2014 que, por meio de diversos autores, trata de 50 LPs lançados naquele ano, um nicho fundamental para reconstituir a evolução da nossa música popular permanece pouco explorado: livros que tratem especificamente da história de álbuns atemporais. Em busca de atenuar parte dessa lacuna, a Editora Cobogó acaba de lançar a coleção O Livro do Disco. A série, organizada por Frederico Coelho e Mauro Gaspar, tem início com seis obras em pequeno formato, em média com 130 páginas, e foi inspirada na coleção de livros americanos 33 1/3 – nome que faz alusão às rotações por minuto dos LPs em vinil –, da qual alguns títulos internacionais estão sendo traduzidos e lançados no Brasil.
Os primeiros títulos envolvem grandes álbuns nacionais e estrangeiros. São eles: The Velvet Underground and Nico (1967), a icônica estreia da banda liderada por Lou Reed e John Cale; Estudando o Samba (1976), LP que 15 anos após seu lançamento foi o estopim da reviravolta na carreira de Tom Zé; o duplo Daydream Nation (1988), cultuado disco duplo do quarteto nova-iorquino Sonic Youth; Endtroducing (1996), début fonográfico de Josh Davis, um dos pilares do hip-hop moderno, sob a alcunha de DJ Shadow; LadoB LadoA (1999), terceiro disco dos cariocas O Rappa; e, por fim, um dos maiores clássicos brasileiros dos anos 1970, o esotérico e filosófico A Tábua de Esmeralda (1974), de Jorge Ben Jor que, à época, assinava apenas Jorge Ben.
Bem-vinda, a coleção terá continuidade com dois títulos que em breve sairão do prelo, dedicados a dois álbuns bastante antagônicos: Songs in The Key of Life (1976), uma das obras-primas do soul luminar de Stevie Wonder; e Unknown Pleasures (1979), a estreia soturna do Joy Division, quarteto britânico de Manchester que foi o principal expoente do pós-punk e chegou ao fim com o suicídio do vocalista e letrista Ian Curtis, aos 23 anos, em maio de 1980.
Em tempo: entre agosto de 2013 e novembro de 2014 o site da Brasileiros publicou, na coluna Quintessência, reportagens sobre 50 álbuns que marcaram a história do País entre 1960 e 1980. Leia em brasileiros.com.br/AozH8/
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