Aline Frazão: “a música brasileira é autossuficiente”

Desde 2011, ano do lançamento de seu primeiro disco, Clave Bantu, Aline Frazão, tem levado as suas palavras e a sua voz a vários palcos do mundo: Áustria, Alemanha, Portugal, Angola, Cabo Verde etc. Agora é a vez do Brasil ouvi-la.

Depois de dois shows no País nas últimas semanas, o primeiro em Belo Horizonte (12) e o segundo em São Paulo (16), ainda resta a chance de vê-la, no dia 8 de janeiro de 2015, no Solar de Botafogo, no Rio de Janeiro.

Aline Frazão tem apenas 26 anos, nasceu em Luanda, capital de Angola, e interessou-se pela música desde criança. Aos 18 anos, mudou-se para Lisboa, Portugal, para frequentar a universidade. 

Depois quando mudou-se para Santiago de Compostela, gravou, em 2011, o seu primeiro disco, Clave Bantu, uma produção independente que reúne canções compostas pela angolana durante quatro anos de viagens, além de duas parcerias com os escritores angolanos José Eduardo Agualusa e Ondjaki. Já Movimento é o nome do seu segundo trabalho, lançado no ano de 2013, também conta com a parceria com o poeta angolano Carlos Ferreira “Cassé” e um poema de Alda Lara musicado pela cantora. 

Com uma voz miúda e ao mesmo tempo, potente, o som da cantora tem influências claras da música brasileira, e logicamente, africana. Uma música genuína, que deixa a voz da cantora livre para se sobressair. Além de fazer canções que falam ao ouvinte, pelas letras que são quase poemas, que falam de Angola, da mulher e de questões subjetivas de fácil identificação. 

A cantora angolana, Aline Frazão. Foto: Divulgação/Ricardo Alevizos
A cantora angolana, Aline Frazão. Foto: Divulgação/Ricardo Alevizos

Formada em Ciências da Comunicação, pela Universidade Nova de Lisboa, ela também é cronista do jornal angolano Rede Angola.

E não há dúvida de que Aline Frazão é uma cidadã do mundo, viveu também em Madri e hoje reside em Barcelona.

Mas ao conversar com a cantora se identifica logo a conexão latente que possui com o seu país de origem, Angola, que continua presente na vida e na música da cantora. Sobre isso e outros temas, a Brasileiros conversou com Frazão, e a entrevista pode ser conferida abaixo:

Brasileiros – Depois de dois discos lançados e de ter viajado para diversos países divulgando seu trabalho, como se sente?

Aline Frazão: É estranho, porque tenho a sensação de que o tempo passou rápido e não tive tempo de fazer uma reflexão profunda. Em 2011, gravei o primeiro disco, e a partir daí, tudo começou a acontecer. Tive a oportunidade de tocar em muitos países, não só em Angola e em Portugal, mas na Alemanha, Holanda, Áustria, Suíça e outros lugares da Europa. Agora, terminar o ano no Brasil é a realização de um sonho, é fechar um ciclo, ou abrir um novo. É bom saber que ainda é possível começar uma carreira, neste momento de crise de mercado, e que as pessoas também estão dispostas a ouvir minha música que é autoral e acústica, além de ser uma música africana para ouvir e não para dançar.

Brasileiros – É a sua primeira vez no Brasil a trabalho. Como tem sido a recepção?

A.F.: Eu fiz o primeiro show em Belo Horizonte (12), e o público recebeu bem o projeto. Nosso baterista não pode vir, então tocamos com um baterista mineiro, e foi interessante também ver essa junção: metade da banda, o tecladista Marcos Pombinho e o baixista Francesco Valente, que vieram comigo, mais o Yuri Velasquez. Funcionou bem e ele se sentiu parte da equipe. A verdade é que a minha música tem influência da música brasileira, então sempre tive curiosidade para saber como isso seria recebido aqui.

Brasileiros – Você vê alguma diferença na recepção em países que não sejam de língua portuguesa?

A.F.: O meu trabalho é autoral, 90% das letras são escritas por mim, portanto, a palavra é importante no meu trabalho. Tem uma carga de intensidade na mensagem, que pode ser emotiva, política, social e de ideias que quero passar sobre o meu país. Mas, muitas vezes eu vou tocar na Alemanha, e tento explicar em inglês sobre do que se trata a canção, e não é a mesma coisa. Ainda assim, o meu trabalho é bem recebido por lá. Mas eu noto uma diferença quando as pessoas entendem integralmente o trabalho, como o público de Lisboa e Luanda. E quando as pessoas vêm falar comigo, falam do conteúdo das letras, não só da voz e do ritmo. Em Belo Horizonte, uma senhora veio me falar: “as suas músicas são muito femininas, tem uma experiência de vida, da mulher, uma coisa forte”. E fiquei muito contente, é uma das coisas que eu mais gosto de ouvir, que as mulheres se identifiquem comigo. Ela só pode concluir isso tendo acesso à palavra das músicas. 

Brasileiros – Como é se apresentar em Angola?

A.F.: Em novembro passado, fiz dois concertos que esgotaram, no Espaço Bahía, no centro da cidade de Luanda, uma sala pequena, para menos de 200 pessoas. Então é um concerto diferente do que estou fazendo no Brasil. Foi intimista, apenas voz e violão, junto d0 guitarrista angolano Toty Sa’Med. E experimentar esse formato foi interessante, porque Luanda é uma cidade em que há pouco silêncio, com 6 milhões de habitantes. Uma cidade caótica, as pessoas são ávidas por festas, mas conseguimos conquistar o silêncio daquele público, foi emocionante e intenso. Tocar em Luanda é difícil para mim, eu vivo fora ainda, mas volto com frequência, várias vezes ao ano, para visitar a família e os amigos, e também escrevo muito sobre a cidade. Sinto por não estar ali, mas penso que não devo me sentir assim, porque há muita gente diferente que se identifica com meu trabalho. Angola é um país fragmentado, com muitas diferenças sociais, e há muitas pessoas diferentes de Luanda e de outras províncias que seguem o meu trabalho. Agora em Belo Horizonte, conheci um rapaz angolano que está estudando lá, e ele era de Huambo, uma cidade no interior e ele dizia que já seguia o meu trabalho há muito tempo, isso para mim, é um milagre. Tenho um público heterogêneo, mas fiel, atento e crítico, ele disse-me que gostou mais do primeiro disco do que do segundo [risos].

Brasileiros – Como você vê a integração dos países lusófonos pela música?

A.F.: Acho que é o espaço cultural em que acontece melhor a história de lusofonia. Existe um intercâmbio musical entre músicos de Angola, Portugal, Cabo Verde e Brasil, mas São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Timor Leste ainda ficam a margem. Não é completamente integrado, mas há um espaço afetivo de partilha de traços históricos e culturais que vêm com a língua e com a colonização portuguesa. Em Portugal, há muito afetividade. Lisboa é uma cidade em que há muito cruzamento de todos esses povos, todos os dias encontramos cabo-verdianos, brasileiros, angolanos. Em Angola, temos uma relação forte com o Brasil, Portugal e Cabo Verde. Mas no Brasil, acho que é diferente, eu não estou certa de que haja um conhecimento da música de Moçambique, de Angola, até mesmo Portugal fica longe. A música brasileira é autossuficiente, não há ansiedade de buscar lá fora outros artistas. Eu até brincava, em Belo Horizonte, numa conversa:  “será que vocês precisam de nós? O que podemos lhes oferecer?”. Claro que existe troca, também, alguns artistas brasileiros são muito sensíveis com Angola, como o Djavan, Gilberto Gil, Martinho da Vila e Mart’nália. Mas não é de forma contínua, não há uma ponte musical consolidada. Tem que ser feito o caminho desde Angola até o Brasil, encontrariam-se mais afinidades do que se pode imaginar.

Brasileiros – De quem é a responsabilidade?

A.F.:  Sempre se procura a responsabilidade, acho que ela é partilhada entre os artistas, de ambos os lados, os produtores, e o público. Hoje em dia, com a internet, é possível me encontrar, ou a Sandra Cordeiro, o Paulo Flores, o Bonga, o Waldemar Bastos, e artistas angolanos de todas gerações, desde as bandas de rock até o estilo mais tradicional. Se o público tiver interesse também vai demandar, e assim, os produtores vão trazer mais facilmente, porque trazer alguém desconhecido é arriscado.

Brasileiros – O que precisa ser feito para haver uma maior integração na área cultural?

A.F.: Na comunicação nós conhecemos muito bem o Brasil, porque as televisões brasileiras chegaram lá há muito anos. Talvez se houvesse um canal de televisão, como a TPA (Televisão Pública de Angola), as pessoas poderiam conhecer um pouco mais, apesar de eu não ser fã de televisão. Também, se houver mais iniciativas, como por exemplo, de eu participar de um projeto luso-brasileiro como o Coladera, com o Marco Suzana, o Vitor Santana e o João Pires (Portugal). Ou ainda, o festival Minas Música Mundo, do qual participei em Belo Horizonte, que também trouxe o cabo-verdiano, Dino D’Santiago. Não somos os mais emblemáticos da cultura de nossos países, mas tivemos a oportunidade de mostrar o nosso trabalho e ganhar um público, por menor que seja. Mas há espaço no Brasil para a música internacional, especialmente a de fala portuguesa, o público só precisa conhecer.

Brasileiros –  Por ter viajado bastante, como é ver Angola de longe e às vezes a partir de um olhar estrangeiro?

A.F.: O olhar exilado é saudosista quase sempre e pensa muito a identidade. Quando comecei a pensar a minha identidade angolana, também coincidiu com meus 18 anos e fui para Portugal fazer universidade. Estando em Portugal, pelo contraste, comecei a entender melhor aquilo que eu era e o que eu não era. Nos primeiros anos fora, fiz uma pesquisa grande sobre a música do interior, seguia atentamente as notícias de Angola. Integro-me nos lugares aonde estou, mas nunca deixo de estar atualizada, em contato com os amigos que voltaram. Também seguindo as notícias, desde um ponto de vista mais crítico e informado, conhece outras formas de gerir um país, então pode gerar mais consciência do que está errado, do que pode melhorar, da margem de progresso que existe. Depois na Espanha, eu me envolvi com movimentos sociais e isso mudou a minha forma de pensar a política, de uma maneira mais horizontal, menos institucionalizado e partidarizado. Foi uma mudança da forma como eu me vejo na sociedade angolana. Ao mesmo tempo, por ser cantora acabo sendo porta-voz, queira ou não, porque as pessoas me perguntam como é Angola. Nesse momento é preciso ter muito cuidado, para não criar ideias erradas, porque explicar um país rapidamente, pode ser ingrato. Angola é um país com muito problemas, como todos os países africanos, mas também tem coisas boas. Essa relação um pouco saudosista está presente nas minhas músicas. Mas ao mesmo tempo, tem um sentido crítico, quando dou uma entrevista, acho importante que as pessoas saibam o que se passa lá minimamente. Também é importante ir para lá,  porque pode-se ter uma visão mais completa e legítima.

Brasileiros – Quando viaja encontra algum tipo de estereótipo de Angola?

A.F.: Em geral, as pessoas não conhecem e nem sabem aonde fica, geograficamente. Então, eu começo dizendo que é um país que está ao outro lado do Atlântico em frente ao Brasil, por exemplo. Primeiro, esperam uma pessoa de raça negra imediatamente, mas Angola passou por um processo de colonização recente, com presença portuguesa. Parte da minha família é de origem portuguesa e cabo-verdiana, apesar de meus pais já serem angolanos, de Luanda, assim como eu também, as pessoas não entendem porque falo português. O estereótipo do angolano, em Portugal, por exemplo, é de uma pessoa esbanjadora, porque Lisboa recebe muito a nova elite angolana, que é muito endinheirada e gosta de ostentar dinheiro, carros e jóias. É uma vergonha total e absoluta, porque isso não representa nem 1/10 o povo angolano, e muito menos a mim.

Brasileiros – Pelas suas músicas você acaba por criar um imaginário de Angola.

A.F.: É lógico concluir isso, ainda que talvez seja o imaginário errado. Acho que há muitas Angolas, é um país grande, falar de Angola é arriscado. A minha música fala da Angola que chega até mim, que vivo, vejo e observo. É uma construção minha de todos os dias, é um trabalho em progresso constante. Há muitos angolanos que se identificam com este imaginário, mas em relação aos estrangeiros, não faço ideia de qual imaginário que passo sobre Angola.

Veja o videoclipe do single Tanto, do segundo disco de Aline Frazão, Movimento:

Brasileiros – O que você gosta mais na música brasileira?

A.F.: Eu gosto mais de uma junção de três fatores: tem uma profundidade lírica e complexidade harmônica e melódica maravilhosas, sem abrir mão da presença africana, por exemplo, que é o ritmo o que balança. É a sofisticação de Tom Jobim, de um samba do Cartola, ou  de uma canção de Luiz Gonzaga, e ao mesmo tempo não perder o calor, o ritmo. É uma junção que quase sai faísca. Acho que esses ingredientes são as fórmulas dos estilos de música que eu mais gosto e sigo, e o Brasil tem muito isso.

Brasileiros – Como se dá o processo de composição do seu trabalho em meio as tantas influências culturais?

A.F.:  Quando comecei a tocar violão, via as cifras das músicas brasileiras, e então aprendi acordes típicos da MPB. Depois, fui me aproximando dos ritmos africanos. No primeiro disco, Clave Bantu, foram canções que eu escrevia desde os 18 anos, então eram experiências muito ligadas às influências que vinham do Brasil. Também,  tocava com um contrabaixista cubano, e tive uma aproximação do jazz. Já na Espanha, o contato com o flamenco, fez-me desdobrar a minha noção de ritmo, conheci os compassos irregulares, como nas canções: Primeiro Mundo, Caminho do Sul e Tanto. A partir daí, fui escrevendo outros tipos de letras,  porque os ritmos também inspiram. Mas como gosto de escrever, em geral, parto da escrita. Sempre é um processo solitário, isolado, dia e noite, e às vezes as canções saem muito rápido. Agora mesmo, não sei qual é o meu processo, porque estou revendo-o para preparar um novo disco. Gostaria de focar mais na canção, não pensar num nível mais complexo de banda e de arranjos, mas simplificar, ficar mais na voz e no violão. Depois de dois discos já não tenho tantos complexos, nem apegos. Estou em um momento da música em si mesma, em estado bruto. Tento encontrar algo autêntico, mas essa é sempre a ambição. 

Brasileiros – Como surgiu a parceria com a rapper portuguesa Capicua que resultou na música Lupa?

A.F.: No ano passado, Ana [Matos – Capicua] me convidou para participar de um evento, no Porto, que ocupou toda a cidade, em que todos estavam a dizer letras e textos. Eu já gostava muito do trabalho dela, e ela seguia o meu também, ficamos amigas e nessa mesma viagem, ela me convidou para gravar Lupa para o seu novo disco, Sereia Louca. Na altura só tinha a letra, parte é de um poema do José Gomes Ferreira. Encontramo-nos em Lisboa para ensaiar e ver se ela gostava do que eu tinha feito de melodia, depois gravamos e já apresentamos algumas vezes ao vivo. As pessoas gostam deste tema, é um dos mais tristes e low-beat do disco. Ela é uma amiga querida e uma das artistas mulheres, em Portugal, que eu mais admiro, nós estamos em muita sintonia. 

Uma das faixas do disco Sereia Louca da rapper Capicua, com colaboração de Aline Frazão:

Brasileiros – O que você tem ouvido ultimamente?

A.F.: Há uma música que fiquei ouvindo no avião, do artista norte-americano José James, que se chama While You Were Sleeping, só de pensar dá vontade de ir ouvir. Ele gravou os dois últimos discos pela gravadora Blue Note, uma onda jazz, soul, black music, e eu adoro. Também há um novo disco da cantora catalã, Silvia Pérez Cruz, e do Raúl Fernandez, chamado Granada, é um disco de mínimos maravilhoso, porque ela é guitarrista e cantora, e é só isso. Outro que tenho ouvido é do cantor angolano, Bonga, ele tem dois discos célebres o 1972 e o 1974, é o melhor da música angolana. 

Brasileiros – Quais artistas você indica para conhecer a música angolana?

A.F.: Certeza que vou esquecer vários nomes. Mas indico o Paulo Flores, que para mim é um dos maiores artistas angolanos vivos; os discos do Bonga; para quem gosta de hip hop, o MCK; da música mais antiga, eu recomendo o conjunto dos anos 1960 e 1970, o N’gola Ritmos, em que se ouve toda a matriz da música angolana, inclusive, eles cantam em todas as línguas nacionais. Já da cena contemporânea, tem um artista que o considero o futuro da música angolana, o Gari Sinedima, ele é do Namibe, do sul de Angola; também a cantora da banda de rock Café Negro, Irina Vasconcelos; para quem gosta de soul,  groove, tem o Jack Nkanga, o Konde, o Kanda, a Selda, a Sandra Cordeiro; e também, da região das Lundas, do leste de Angola, tem o Gabriel Tchiema, com uma música de raiz.

Confira a seleção de músicas de artistas angolanos indicados pela cantora:

Brasileiros – E o que acha do fenômeno do kuduro?

A.F.: O kuduro é uma expressão artística legítima, um estilo de música eletrônica que surgiu há uns 15 anos, nas moussekes [favelas] e dominou Luanda. Hoje é um ritmo de música muito difundido em todo o mundo. O sucesso do kuduro é bem-vindo, mas é importante que se saiba que a música angolana não é apenas isso. Por exemplo, o semba é um estilo musical angolano, cantado por Paulo Flores, Yuri da Cunha, entre outros, que inclusive deu origem ao samba brasileiro. Se houvesse uma bandeira da música angolana seria o semba, um gênero de raiz. Mas o kuduro também representa, é negar a realidade, se olhar fora do contexto de onde surgiu, perde o sentido. Se fosse à Luanda entenderia, é um estilo de música caótico, aquela dança é enérgica e criativa. Há toda uma estética social, desde o corte de cabelo, as cores da roupa, a forma de falar, é um movimento cultural vasto, ligado ao hip hop. Também, há alguns kuduristas que fazem um kuduro consciente que fala dos problemas das pessoas. Eu saúdo o kuduro, mas como fala um dos versos da música de Paulo Flores, Ainda um país que nasceu meu pai: “nada contra o kuduro, sou da rebita, sou da matriz, num país que nasceu meu pai”. A rebita também é um gênero irmão do semba, ou seja, da matriz da música angolana. 

Brasileiros – Como você vê a mulher angolana?

A.F.: Angola tem uma sociedade machista, conservadora e tradicional, apesar de não assumir isso. Há muito espaço ainda para ser conquistado e consciência para se formar, apesar de muitos insurgirem e dizerem que uma das pessoas mais ricas do país é uma mulher, Isabel dos Santos, filha do presidente de Angola, mas tenho reserva em relação a esse tipo de contra-exemplo. A violência de gênero é um problema gravíssimo no país e dá-se pouco importância, está normalizado o que é chocante. Ainda se pensa nas mulheres angolanas como as grandes matriarcas, associado a uma figura tradicionalista de mulher. Há poucas mulheres que participam do espaço público, de influência e de poder. Mas surge uma vontade de organização, porque a grande meta na sociedade angolana é conseguir chegar a um patamar mais igualitário, tanto entre classes, quanto entre gêneros, para que todos tenham os mesmos direitos, e é disso de que se trata o feminismo. Apesar de ser ainda uma palavra com uma carga forte, eu não tenho nenhum problema com ela. Não me incomodam os conceitos, porque está não é a problemática, e sim formalizar o feminismo e explicar o que ele é, porque a maior parte da repulsa que existe vem do desconhecimento do que é o feminismo, que é a teoria da igualdade de direitos. É uma das minhas preocupações sociais mais fortes em Angola. 

Ouça a seleção de músicas dos dois álbuns lançados por Aline Frazão:


Comentários

2 respostas para “Aline Frazão: “a música brasileira é autossuficiente””

  1. […] Website 2h Aline Frazão: “a música brasileira é autossuficiente” A cantora angolana que está no Brasil para apresentações fala à Brasileiros sobre música, […]

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.