“Pelo dom que Deus me deu, e pelo que eu possa significar, decidi hoje que até que a lei ‘defenda seu território’ seja abolida na Flórida, nunca mais vou tocar lá”. Foi essa a declaração dada por Stevie Wonder durante um show no último domingo, dia 14, no Canadá, se referindo a lei que permite o uso de armas por parte de quem se sentir ameaçado de morte na Flórida. Há leis semelhantes em quase 30 Estados americanos. A decisão do músico veio após mais um julgamento polêmico envolvendo questões raciais nos EUA, algo que se repete ao longo da história do país.
No sábado, o vigia George Zimmerman, que matou com um tiro o adolescente negro Trayvon Martin em 2012, foi absolvido com base na lei. A promotoria disse que Zimmerman, que é branco, confundiu Martin com um criminoso por ele ser negro. Advogados do acusado alegaram legítima defesa. (leia aqui análise de Osmar Freitas Jr. sobre o caso: Estado de Direito ou Racismo?). “Onde quer que eu saiba que essa lei exista, não tocarei nesse lugar, seja algum Estado dos EUA ou qualquer outra parte do mundo”, disse Wonder.
Nos últimos dias, milhares de pessoas foram às ruas em Nova York, Los Angeles, Chicago, Atlanta e outras grandes cidades americanas, para protestar contra o polêmico veredicto alcançado por um júri composto por seis mulheres (cinco brancas e uma de origem hispânica). Na cidade californiana, a manifestação, que começou pacífica, acabou com a prisão de 13 pessoas.
Hurricane
Não é a primeira vez que o músico se posiciona publicamente em casos envolvendo questões raciais e julgamentos polêmicos nos EUA. Nos anos 1970, ele foi um dos artistas que se mobilizou contra a prisão do boxeador negro Rubin “Hurricane” Carter, preso equivocadamente – como foi comprovado depois – após ser considerado culpado por um assassinato. O episódio foi eternizado na música “Hurricane”, de Bob Dylan.
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