Capa da Rolling Stone com suspeito de terrorismo gera polêmica e boicotes nos EUA

Fotos reprodução

O trágico atentado ocorrido na maratona de Boston, em abril deste ano, foi o maior ataque ocorrido nos EUA desde 11 de setembro de 2001. Com a necessidade de apontar rapidamente culpados e satisfazer a opinião pública, o modo como as investigações foram conduzidas pelo governo americano foi polêmico, envolvendo várias explicações dúbias e resultando na morte de um dos dois suspeitoso, Tamerlan Anzorovich Tsarnaev. Com a publicação, na última semana, da edição americana da revista Rolling Stone, a história ganha mais um capítulo, e dessa vez coloca em questão também o trabalho da mídia.

Conhecida por estampar em sua capa rostos de estrelas da música e celebridades, a revista trouxe na nova edição um personagem atípico e controverso: o segundo suspeito do atentado de Boston, Dzhokhar Tsarnaev, irmão mais novo de Tamerlan. No artigo (leia na íntegra aqui) – que começa com a frase: “Ele era um garoto encantador com um futuro brilhante, mas ninguém viu a dor que ele escondia ou o monstro que se tornaria” – a revista investiga a vida do jovem, através de depoimentos de amigos, professores e vizinhos. Tsarnaev se declarou inocente das 30 acusações que sofreu, que podem resultar em pena de morte, e continua hospitalizado em uma prisão do estado de Massachusetts.

A grande questão, levantada por uma enxurrada de leitores, entre eles figuras públicas e jornalistas, é sobre uma possível glorificação de criminosos e terroristas, o que pode se tornar um incentivo para novos casos de violência. A capa foi comparada a edição que estampou foto do músico Jim Morrison, em 1991, dadas possíveis semelhanças entre as fotos. Fica a questão: É papel da mídia investigar a fundo e tentar entender a mente de pessoas como Tsarnaev – sejam elas culpados de crimes ou não – ou capas como a da Rolling Stone podem incentivar jovens a tentarem se tornar celebridades através da violência?   

Diversas lojas nos EUA decidiram boicotar a revista e não colocar a edição à venda. Leitores nas redes sociais também pediram boicote. Com toda a polêmica a revista se manifestou em nota: “Nossos corações estão com as vítimas do bombardeio na Maratona de Boston e os nossos pensamentos estão sempre com eles e suas famílias. (…) O fato de Dzhokhar Tsarnaev ser jovem e da mesma faixa etária de como muitos de nossos leitores torna ainda mais importante para nós examinar a complexidade desta questão e ganhar uma compreensão mais completa de como uma tragédia como essa acontece”.

 


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