Com Lula e Chico Buarque, artistas lançam Manifesto Pela Democracia

Lula abraça Chico Buarque durante ato em defesa da democracia, no Rio - Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula
Lula abraça Chico Buarque durante ato em defesa da democracia, no Rio – Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula

O ex-presidente Lula participou nesta segunda-feira (11), no Rio, do lançamento de um manifesto contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff ao lado do músico Chico Buarque, do ator Wagner Moura e do escritor Leonardo Boff.  

O ato lotou a Fundição Progresso, na Lapa, cuja capacidade é 5 mil pessoas, e prosseguiu nos Arcos da Lapa, onde uma multidão acompanhou os discursos de líderes políticos e sindicais e shows de Tico Santa Cruz, Otto, Carlinhos Vergueiro, Francis Hime e Sérgio Ricardo. Durante o ato, o presidente do PDT, Carlos Lupi, disse que “o PDT fechou questão contra o golpe, todos os deputados do PDT têm que votar contra o golpe”.

No Manifesto Cultura Pela Democracia, os artistas e intelectuais defendem “o respeito à vontade da maioria” e sustentam que o uso “indevido e irresponsável” do recurso do impeachment “se constitui em um golpe branco, um golpe institucional, mas sempre um golpe”.

Chico Buarque reiterou o discurso que fez na manifestação no Largo da Carioca, em 31 de março. “Quando eu cheguei aqui eu fiquei todo besta com vocês falando ‘Chico, eu te amo’. Só que depois eu vi que vocês amam todo mundo! Mas eu quero dizer que nós também amamos vocês, amamos essa energia toda, principalmente essa juventude que está aí, e vai sair em defesa da democracia. Só isso. Não vai ter golpe”.

Wagner Moura disse que nunca votou em Dilma, mas classificou o atual processo de impeachment de uma tentativa de golpe: “Nunca votei em Dilma. Votei na Marina nas duas últimas eleições. No segundo turno, teria votado nela, mas não estava no Brasil. Sou um crítico duro do governo Dilma, nunca votei nela, mas 54 milhões o fizeram. Precisamos avançar e não retroceder. O que acontece no Brasil é uma evidente tentativa de retrocesso da democracia. Não vai ter golpe.”

O ator e roteirista Gregório Duvivier também explicou que não defende o governo em si, mas a democracia: “Isso não é um ato de defesa nem de adesão de governo nenhum, muita gente aqui, como eu, não votou, não é eleitor, não é filiado ao PT. Isso aqui é um ato de defesa da democracia. Nós viemos mostrar a nossa insatisfação com tudo o que não está podendo ser feito no país hoje. Então, ao invés de dizer só ‘fica Dilma’, vamos dizer ‘fica e melhora’. Porque a Dilma foi eleita pela esquerda, porque tinha um projeto de esquerda, então vamos pedir que ela governe em nome do projeto para o qual foi eleita”.

O músico Tico Santa Cruz afirmou que os atos em defesa da democracia vêm ocorrendo no Brasil inteiro: “Hoje é a cultura pela democracia, é o engajamento dos artistas que acreditam que esse impeachment é uma tentativa nítida de golpe, de manipulação. A gente não vai permitir colocar a nossa democracia em risco nesse momento”.

O músico Fred Zero Quatro, que liderou o movimento Manguebeat em Recife nos anos 90 ao lado de Chico Science, disse que esses atos são uma demonstração política após uma fase em que a juventude estava muito apolítica. “Estou mais otimista de ver que dois ou três anos atrás tinha uma galera que renegava a política e que hoje já tem uma galera vendo a importância. Não à toa, depois de um período de niilismo da juventude, se elegeu o Congresso mais retrógrado da história, e estamos vendo as consequências disso aí, com um presidente da Câmara que sequestrou um dos Poderes da República.”

A atriz Teresa Seiblitz diz que o impeachment, nesse caso, seria um golpe por não haver crime de responsabilidade nos atos da presidenta. “É um golpe com interesses escusos. Eu acho que nós, artistas, podemos dar uma visibilidade diferente do que a grande mídia tem, que eu já nem sei se é tão grande assim, já que desde 2013 aconteceu uma coisa ótima, apareceu a Mídia Ninja, cresceu a TV Brasil, vários outros canais e vozes aparecendo para que as pessoas fiquem mais informadas e possam realmente escolher o que preferem”.

O cantor e compositor Nelson Sargento disse que não costumava votar, já que passou da idade obrigatória, mas “voltou a exercer esse direito”: “Eu não votava mais porque eu tenho 90 anos. Comecei a votar direto depois do Lula. Do Lula pra cá eu estou com o PT. Hoje eu vim ajudar a fazer coro: Dilma! Dilma! Só um maluco pode planejar um negócio desse”.

A sambista Beth Carvalho, que assinou o manifesto, lembrou o samba que lançou contra o impeachment, de autoria de Cláudio Guimas. “É muito importante o apoio dos artistas, mas é muito importante o apoio do povo em geral. Nós precisamos estar nas ruas todos os dias, não deixar que isso aconteça, porque eles estão baseados em mentiras”. E cantou os versos já repetidos pelos militantes: “Não vai ter golpe de novo, reage, reage meu povo!”.

O músico Jards Macalé disse que assinou o texto para lutar “pela expressão livre e absoluta”. “Eu estou aqui porque sou um democrata, sempre fui e nesse momento tem que ser mais democrata ainda. Eu assino embaixo, pela liberdade, ética e democracia. Os artistas sempre tiveram desse lado, a arte quer dizer liberdade, lutar pela liberdade sempre.”

*Com Agência Brasil


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