Quadros da Pinacoteca inspiram peça de concerto da Osesp

"Carnaval em Madureira", de Tarsila do Amaral. Foto: Divulgação
“Carnaval em Madureira”, de Tarsila do Amaral. Foto: Divulgação

 

Inspirado em quadros da Pinacoteca do Estado de São Paulo, o compositor, saxofonista e arranjador Roberto Sion apresenta a peça inédita Pinacoteca – 7 Gravuras Sonoras. A obra será executada pelo Quinteto de Fagotes da Osesp, na Sala São Paulo, nos dias 11 e 13 de agosto.

A pedido do diretor artístico da Osesp, Arthur Nestrovski, a criação é também baseada em Quadros de Uma Exposição, obra de Mussorgsky, de 1874. O compositor russo criou a partitura para o piano após uma exposição póstuma do pintor e arquiteto Viktor Hartmann.

Para compor a peça, Sion se baseou em sete telas do museu escolhidas por ele mesmo. “A obra começou com visitas ao museu, leituras de catálogos e fotos referenciais, a fim de descobrir quais pinturas, a meus olhos, pediam para se disfarçar em música. Levei em conta, nesse processo, andamentos mais rápidos ou lentos, atmosferas, contrastes que as pinturas sugeriam para o equilíbrio da composição”, contou o arranjador em entrevista à Revista Osesp deste mês.

Esta é a primeira vez que Sion compõe a partir de quadros, ainda que já tenha produzido em diálogo com o audiovisual, para curta-metragens e filmes de publicidade. Desde que Nestrovski assumiu a direção artística da orquestra, há sete anos, é também a primeira vez que uma encomenda como essa é feita.

“No programa já tinha se incluído Quadros de Uma Exposição num arranjo inusitado, então me ocorreu da gente fazer Quadros da Pinacoteca – afinal de contas, o museu é aqui do lado e é uma instituição com quem a Osesp tem parcerias desde 2012, muito profícuas”, diz Nestrovski. Quem assiste ao concerto pode visitar o acervo do museu gratuitamente – basta apresentar o canhoto do ingresso.

Para abrir a peça, o arranjador faz uma homenagem a Ramos de Azevedo e Domiziano Rossi, projetistas do prédio da Pinacoteca, com a peça Ergue-se o Lyceu: “Começa com o mais grave e cada fagote vai simbolizando um andar, até chegar na cúpula”.

Depois vem um maxixe em estilo tonal/atonal, criado a partir da obra Carnaval em Madureira, de Tarsila do Amaral. A seguir, os quadros homenageados são Hora da Música, de Oscar Pereira da Silva, com uma valsa, Praia de Botafogo, de Eduardo Martino, em uma seresta, Crianças, de Karl Ernst Papf, que gerou um coral a quatro vozes ,Ventania, de Antonio Parreiras, uma trilha sonora sem melodia, sugerindo uma ventania, Aos Pés da Cruz, de Samson Flexor, uma peça “tensa, como os últimos momentos de Jesus”, e, para encerrar, Batuque, de Carlos Prado, em uma linguagem afrobrasileira com liberdade de improvisação para os instrumentistas.

Segundo Sion, para estabelecer mais um elo com a obra de Mussorgsky, o arranjador parafraseou a famosa promenade com um tema em quatro variações, que faz a ligação entre os movimentos e permite que cada músico seja ouvido individualmente: “O difícil foi equilibrar uma peça com a outra, manter uma continuidade entre uma peça e outra. É como fazer uma escultura”.

 


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