Concurso cultural “Um país chamado favela”

Reprodução.
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“Favela”, por si só, não consta na maior parte dos dicionários do mundo. Sua existência é tão complexa que, num período de 20 anos, passou de aberração das grandes cidades para destino de pacotes de turismo estrangeiro e patrimônio cultural de alguns países. Nem por isso não deixa de ser tratada como um problema, ainda mais na América Latina, onde faz parte do imaginário popular e da realidade das pessoas ao mesmo tempo. Agora, mais do que inspiração para músicas, histórias e acontecimentos do dia a dia, a favela também pode ser compreendida por meio da racionalização, como propõem Celso Athayde, fundador da Central Única das Favelas (CUFA), Renato Meirelles, presidente do Instituto Data Popular. Eles são os autores do livro Um País Chamado Favela, resultado de uma extensa pesquisa em 63 comunidades em 35 cidades brasileiras. 

Entre os dados coletados, os autores mostram que o Brasil tem 12 milhões de pessoas vivendo em favelas, o que representa cerca de 5% da população – se ela formasse um estado, seria o quinto maior do País, atrás de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia -, que 94% das pessoas se sentem felizes em morar nessas condições e que continuaram vivendo assim mesmo se suas rendas dobrassem. A maior reclamação delas, no entanto, ainda é sobre os serviços básicos. “A renda na favela melhorou, mas a qualidade dos serviços públicos ainda não melhorou na mesma velocidade que a renda, por mais que tenha havido avanços”, diz Meirelles.

A maior parte das favelas, 89%, está em regiões metropolitanas, o que comprova a sua existência como um fenômeno de grandes cidades, e seus moradores são, em média, negros e jovens. Athayde e Meirelles alertam também para a falta de creches nesses locais, já que 43% dos lares são chefiados por mulheres e 21% por mães solteiras.

Se interessou pelo livro? Quer ler, debater, conhecer ou simplesmente tê-lo como fonte de pesquisa? A Brasileiros tem duas edições para te presentar. Para isso, basta participar do nosso concurso cultural enviando uma resposta para a pergunta: Qual é o dado sobre as favelas brasileiras que mais te chama atenção e por quê?

As duas respostas mais criativas ganham os exemplares de Um País Chamado Favela, de Celso Athayde e Renato Meirelles! Participe!

Regras do concurso
– Só serão aceitas respostas enviadas para o email concursocultural@brasileiros.com.br ou deixadas nos comentários deste post até 31/10;
– As respostas deverão ter, no máximo, cinco linhas;
– As melhores respostas serão escolhidas por Renato Meirelles e a equipe da Brasileiros.


Comments

21 respostas para “Concurso cultural “Um país chamado favela””

  1. Avatar de Olga Ferreira
    Olga Ferreira

    O dado mais interessante para mim é a união que há entre os moradores, principalmente os negros que buscam espaços para expressarem suas atitudes e questionamentos. As atividades nas áreas da educação, lazer, esportes, cultura, cidadania e trabalha graffiti, DJ, break, rap, audiovisual, basquete de rua, literatura além de outros projetos sociais são grandemente difundidas e enriquecem aqueles que a sociedade chamam de “pobres”.

  2. Avatar de Benedito C Vieira
    Benedito C Vieira

    É lamentável que o que era pra ser algo temporário, foi aos poucos se tornando permanente. Sem nenhum olhar do poder público, foi crescendo e se formando em todas grandes e médias cidades. Falta de educação, falta de saneamento básico e descaso das autoridades facilitou a infiltração das mais variadas formas de ação criminosa. Assim, a única forma de estar bem é se dizer feliz. Acredito que a EDUCAÇÂO é a única forma orientar esse processo.

  3. Avatar de SÉRGIO DE SÁ LEITÃO
    SÉRGIO DE SÁ LEITÃO

    CORRIGINDO UM ERRO DE PORTUGUES E COMPLEMENTANDO:
    OS DADOS APRESENTADOS VISTOS SEM ANÁLISES FILOSÓFICAS, SOCIAIS E/OU COMPORTAMENTAIS, DEMONSTRAM A REALIDADE DO POVO BRASILEIRO QUE, EM TODAS AS “PSEUDOS” ADVERSIDADES SABE EXTRAIR O QUE HÁ DE BOM E DE GOSTOSO EM SER BRASILEIRO.
    É UM EXEMPLO VIVO E CLARO DE QUE BRASIL SEMPRE TERÁ JEITO, APESAR DE TUDO E DE ALGUNS.
    VIVA O POVO BRASILEIRO !!!!
    PARODIANDO ZÉLIA GATTAI: “BRASILEIRO GRAÇAS A DEUS …”

  4. Avatar de SÉRGIO DE SÁ LEITÃO
    SÉRGIO DE SÁ LEITÃO

    OS DADOS APRESENTADOS VISTOS SEM ANÁLISES FILOSÓFICAS, SOCIAIS E/OU COMPORTAMENTAIS, DEMONSTRAM A REALIDADE DO POVO BRASILEIRO QUE, EM TODAS AS “PSEUDOS” ADVERSIDADES SABEM EXTRAIR O QUE HÁ DE BOM E DE GOSTOSO EM SER BRASILEIRO.
    É UM EXEMPLO VIVO E CLARO DE QUE BRASIL SEMPRE TERÁ JEITO, APESAR DE TUDO E DE ALGUNS.
    VIVA O POVO BRASILEIRO !!!!

  5. Avatar de Lucas Muniz Santos
    Lucas Muniz Santos

    um dos dados citados que me chamou a atenção é que 94% felizes em morar nas favelas onde a segurança são eles mesmo que fazem, esgoto, luz ruim, poluição e diversos fatores além, mas a felicidade se explica quando eles vivem em união com os vizinhos, compartilhando o pouco que tem e se tratando como família, batalhando juntos.

  6. Avatar de Denilson e Oliveira Moura
    Denilson e Oliveira Moura

    Chama a minha atenção os dados que faltaram no texto. O tamanho e a forma de manipulação que essa população sofre não é mensurável em porcentagens. Ademais, a informação de que as favelas são predominantemente metropolitanas traz-me o conceito de que favela é ainda uma senzala da casa-grande, vejam as cidades satélites de Brasília, a capital fe-de-ral… Os escravos continuam no terreiro do senhor de engenho.

  7. Avatar de Laís Fernanda
    Laís Fernanda

    89% das favelas está em regiões metropolitanas, o que evidencia a desigualdade social e econômica em que vivemos.

  8. Avatar de Carlos Eduardo Torres
    Carlos Eduardo Torres

    Um texto que fiz em um momento de reflexão,
    Metrópole, onde o ser é trocado pelo ter.
    Onde o cifrão fala mais alto que o coração.
    Onde a desigualdade predomina.
    O rico até da pro pobre desgraçado.
    Mas não come do mesmo prato.
    Sangue do meu sangue, pele da minha pele.
    O sangue já não é mais bom e a pele mais fria que a neve observe.
    Seres racionais tendo aula de bons modos com animais.
    Aqui jais mais um sofredor que correndo contra o tempo não quer ficar pra traz.
    O gigante morreu pela sua propria natureza.
    Foi tentado provado na sua fraqueza.
    A tv faz a cabeça, a policia que rouba e não é presa.
    O mundo ta envertido, o politico corrupto é elegido.
    Cidadãos nas cidades feitas por muros e grades.
    Graffites como modo de expressão representado a nossa arte.

  9. Avatar de Henrique Tadashi Ueta
    Henrique Tadashi Ueta

    Lá tem restrições: becos que não se pode entrar, pessoas que não se pode falar. Mas a maioria, “94% das pessoas se sentem felizes”, pois sabe que, apesar dos pesares, há certa segurança entre eles. Se há infelicidade, é da parte de quem os despreza. Entendem a realidade e não se deixam abater. Muitos podem aprender com a favela, ao invés de estereotipá-la. Por isso esse estudo é importante.

  10. Ao ler que 43% dos lares são chefiados por mulheres e 21% por mães solteiras nós temos a dimensão da força dessas mulheres e dos mais variados papéis que elas tem que desempenhar ao longo da vida: mãe, pai, dona de casa, profissional. Muito se fala da violência, da superação e da falta de infraestrutura das favelas e pouco se fala da especificidade das mulheres que lá vivem. Espero que o livro contemple isso.

  11. Avatar de Luciene Viana da Silva
    Luciene Viana da Silva

    94% das pessoas são felizes! Morei por 5 anos na invasão Ponte Alta em Taboão da Serra, SP, e percebi o quanto as pessoas são alegres! Há sempre um clima de amizade e descontração entre os vizinhos; não existe meu ou seu, apenas nosso: Nossos filhos, nosso churrasco, nossa festa, nossa casa. É contagiante!

  12. Avatar de Davino França
    Davino França

    `94% das pessoas se declaram felizes`, isso derruba cada vez mais e melhor o preconceito e a obrigação de que o “favelado” tem que viver longe e fora de suas comunidades. Declara também que se VIVE bem e com prazer em comunidades. Mostra que, existe vida pós `urbanizações planejadas e organizadas`. Enfim, vive as resistências aos diferentes.

  13. Avatar de Marcos de Oliveira
    Marcos de Oliveira

    94% das pessoas se declaram felizes…. Agora se esses mesmos 94% reunissem as condições para participar desse concurso, tenho a certeza que esse percentual seria menor, ou a favela seria melhor.

  14. Avatar de josé Carlos Sibila
    josé Carlos Sibila

    Felicidade na favela, um contraste que desafia a sociologia.
    O que há no ser humano que buscam emoções valiosas em locais que parecem não lhes permitir o encontro com a felicidade?
    Qual o segredo para se encontrar a satisfação onde as condições materiais lhes oferecem tão pouco?
    Ou a felicidade mora ao lado e vamos procurá-la tão longe que nos distanciamos dela?

  15. Avatar de Patrícia cruz da silva
    Patrícia cruz da silva

    O que acho mais incrível é que os dados sobre a felicidade mostram que este país chamado Favela assim como o Butão pode ter um FIB ao invés do PIB…

  16. Avatar de juarez antunes silva guerreiro
    juarez antunes silva guerreiro

    O plastico é um material por demais inflamável. Chama-me atenção a sua grande utilização em favelas brasileiras. Sejam compondo paredes, coberturas e outros elementos nas suas habitações elevando assim o risco de incêndios nestas favelas.especialmente com a parafernália existente dos ramais elétricos nesses locais sendo portanto, locais de alto risco ao fogo e de consequências danosas, senão mortais a seus habitantes.

  17. Avatar de Paulo Cezar de Mello
    Paulo Cezar de Mello

    O que mais me chama a atenção são as imagens que mostram a proximidade entre as favelas e o “mundo exterior”, dos prédios e bairros dos não excluídos no planejamento urbano. Um dado que vale por mil palavras ou números ao tornar evidente a divisão profunda entre os mais ricos e os mais pobres que ainda caracteriza nossa sociedade.

  18. Avatar de Roberto Matos
    Roberto Matos

    Olá,
    Um dado que mais me impressionou foram os 21% de lares chefiados por mães solteiras. O que demonstra a garra da mulher brasileira frente aos problemas sociais e pessoais.

    Parabéns pelo livro!

  19. Avatar de Nazareno Stanislau Affonso
    Nazareno Stanislau Affonso

    O dado que mais me chamou atenção foi 95% estão felizes por morarem em favelas
    Meu comentário: Como atuo com o tema Mobilidade Urbana, meu posicionamento é que grande parte das favelas estão proximas as areas de empregos, lazer, equipamnetos publicos de saude e Eduacação e com reduzido tempo de deslocamento de transporte público ou não motorizados, muitos deles feitos a pé, diferente das familias empobrecidas que são alijadas desses beneficios das cidades. Mas foi novidade 95% por cento sentirem felizes com o convivio por exemplo do narco trafego,falta de infraestrutura e isso mostra que temos de acentar essas comunidades e provê-las de equipamentos de forma integrada (teleferico, escolas, bibliotecas, areas de lazer e esportes e qualificação das calças) ,como foi feito nas favelas de Meddelin onde fui durante o Fórum Urbano Mundial

  20. Lembro como hoje, na cidade onde nasci havia ou há ainda uma mini Favela chamada inferninho, era tudo muito folclórico, do tipo se um dia eu entrasse lá nunca mais voltaria, ou encontrar alguém de lá era perigoso demais e isto me movia, gostava desse mistério que para mim era medo e ao mesmo tempo desafiador. Até que um dia conheço bem a vida diária de uma Favela made in Brazil. Um lugar onde os produtos são baratos, onde existe uma comunicação avançada entre eles e uma ordem interna. Que o perigo maior sempre foi o ódio e este está dentro e fora dela, em todos os cantos. Enfim, é um lugar para desmistificar.

    by @netoangelrp

  21. Avatar de Adriana Barbosa
    Adriana Barbosa

    Esse é trecho que me chama a atenção “seus moradores são, em média, negros e jovens. e 43% dos lares são chefiados por mulheres e 21% por mães solteiras”.
    Eu cruzo com outro dado, em uma outra pesquisa do Meirelles sobre o poder de consumo da população negra. Aumentou nas classes D/E e também na classe média. Mas me intriga o fato da população negra ser em torno de 51%, ter esse tal poder de consumo mas ainda sim estar invisível a iniciativa privada que não percebe o Valor da DIVERSIDADE como um valor também da COMPETITIVIDADE. E no caso do poder público que ainda não se debruçou em compreender essa nova dinâmica especificamente da população negra e pensar em uma politica estruturada que aproveite as potencialidades e fraquezas dessas pesquisas.

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