Márcia Haydée, uma das maiores intérpretes da dança em todo mundo, está se preparando para voltar ao Brasil. Ela vai acompanhar de perto os movimentos de bailarinos da São Paulo Companhia de Dança para a montagem de sua autoria que fará do clássico Dom Quixote – coreografia criada em 1869, por Marius Petipa e Alexander Gorsky, baseada na obra de Miguel de Cervantes. Por enquanto, não há detalhes sobre a releitura, mas sabe-se que Marcia Haydée estará com o grupo paulistano no segundo semestre para ensaios de dois meses, antes das apresentações.
Nascida em Niterói, no Rio de Janeiro, Márcia Haydée deu seus primeiros passos bem criança, aos 3 anos. Mais tarde, estudou no Royal Ballet de Londres e depois ingressou no Grand Ballet do Marquês Cuevas, onde atuou como solista. Nos anos 1960, deu o salto mais importante de sua carreira, unindo seu talento ao do coreógrafo sul-africano John Cranko no Ballet de Stuttgart. Ao lado dele, dançou criações que marcaram época, como A Megera Domada e Romeu e Julieta.
Com a morte precoce de Cranko, em 1973, Márcia assumiu a direção da companhia alemã, mas continuou dançando e inspirando outros coreógrafos, como Maurice Béjart e John Neumeier, que para ela criou Um Bonde Chamado Desejo. Não bastasse isso, ela foi uma das partners preferidas de Rudolf Nureyev, Mikhail Baryshnikov e Jorge Donn. Em 1996, Marcia se desligou da direção artística do
Ballet de Stuttgart, em 1996. Hoje, ela é diretora do Ballet de Santiago, no Chile.
A ideia de trazer Márcia ao Brasil partiu de Inês Bogéa, diretora da São Paulo Companhia de Dança, que completa sete anos de atividades com um balanço expressivo: 36 coreografias, 400 apresentações, 60 cidades, 8 países, 400 mil pessoas de público, 30 documentários e seis livros. “Nossa proposta, desde sempre, é a de ampliar os espaços de reflexão sobre a dança”, afirma Inês.
Para este ano, a companhia também contará com uma participação especial do argentino Mauricio Wainrot, diretor do Ballet Contemporáneo del Teatro Saint Martín, que fará uma criação especial para o grupo. Mas coreógrafos brasileiros farão parte da agenda de trabalho da companhia, como Clébio Oliveira.
Em fevereiro, a São Paulo lançou seu mais recente livro. Passado-Futuro, organizado pela própria Inês (que também publica um texto em que faz uma espécie de balanço de sua companhia no último ano), reúne textos e imagens de diferentes autores, como uma crônica do escritor Rodrigo Lacerda. “Nossa proposta, desde sempre, é a de ampliar os espaços de reflexão sobre a dança e ampliar a plateia. Por isso reunimos autores especialistas e não especialistas, mas que acompanharam o nosso trabalho”, diz a diretora.
Também por isso, está mantida a maravilhosa série Figuras da Dança, composta por mais de 30 documentários produzidos a partir de um minucioso trabalho de pesquisa. A nova temporada traz a história de mais quatro personalidades da dança: Paulo Pederneiras, Jair Moraes, Mara Borba e Eliana Caminada – Marcia Haydée faz parte dessa série, em documentário produzido em 2010. Sem dúvida, um rico acervo da dança brasileira.
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