Em 2010, quando entraram em estúdio para gravar “Escaldante Banda”, disco de estreia do grupo, os integrantes do Garotas Suecas completavam cinco anos de estrada, com um EP lançado, vários clipes no ar, shows realizados dentro e fora do país e o prêmio de “Aposta MTV” (de 2008) na bagagem. Tinham nas mãos um repertório “criado nos palcos”, como explica o guitarrista Tomaz Paoliello, e decidiram consolidá-lo nas gravações.
“Feras Míticas”, novo álbum da banda paulistana, surgiu de um processo diferente. Dessa vez, o repertório foi “criado em estúdio”, ou seja, composto e arranjado em grande parte para o disco, e trabalhado em parceria com um produtor musical, o inglês Nick Graham-Smith. Como consequência disso – e também do amadurecimento dos jovens músicos, todos com menos de 30 anos -, ouve-se um trabalho menos festivo e dançante e, certamente, mais reflexivo.
A transformação não representa, no entanto, uma ruptura. A pegada de rock brasileiro, que conquistou o público norte-americano e arrancou elogios da crítica especializada em 2010, segue ali, funkeada e suingada. Entram mais elementos eletrônicos e até uma pitada de Rap, na faixa “A Nuvem” (com participação de Lurdez da Luz).
Mas se os sons que influenciam o Garotas Suecas – de Mutantes ao soul americano, de The Clash a Lulu Santos – não são tão diferentes do que eram anos atrás, Paoliello vê diferenças no modo como elas surgem: “Nos preocupamos muito menos em fazer aparecer influências. Chegou uma hora que já estamos mais formados em termos de referências e agora buscamos uma nova forma de montá-las. E acho que é esse processo que cria a cara da banda”.
O disco conta com a participação de Kid Congo Powers e de Paulo Miklos, este último em uma faixa inesperada: “Charles Chacal” (de Sérgio Brito), música dos Titãs abandonada pela banda nos anos 1980 e nunca antes gravada. Com uma produção cuidadosa, os arranjos de cordas, sopros e percussão que somam-se à formação básica do quinteto resultam em uma sonoridade cheia de camadas.
Sobre o título do álbum, “Feras Míticas”, Paoliello explica que o nome nasceu junto com o conceito da arte gráfica de encarte, criada pelo artista plástico e grafiteiro Deco Farkas (conhecido como Treco; leia aqui). “Queríamos passar a ideia de exploração, de descobrimento. O nome, além de fechar com a ideia do disco, é também uma maneira carinhosa como nós, companheiros de viagem, nos chamamos”.
Conhecido pelos vários clipes produzidos ao longo dos anos, o Garotas Suecas já lançou duas produções audiovisuais do novo disco. Veja aqui “A Nuvem”:
Garotas Suecas em “Feras Míticas” – download gratuito em www.garotassuecas.com
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