Gregorio Duvivier e Marina Moraes discutem crônicas na Tarrafa Literária

Foto: Laura Vargas
Foto: Laura Vargas

O humor e a poesia vêm do mesmo sentimento: o espanto. É o que diz Gregorio Duvivier, ator, escritor e poeta. “É o olhar de quem descobre o mundo pela primeira vez. O melhor humor é poético e a melhor poesia é engraçada. É quando a inteligência se faz ingênua, pura”, diz ele na mesa da Tarrafa Literária que discutiu o gênero da crônica na criação literária, nessa quinta-feira (23), em Santos. A escritora Marina Moraes, que acaba de lançar seu primeiro livro, Água para as visitas, também participou da mesa, mediada por Juliana Araripe.

Uma questão que permeou a discussão foi como conciliar a vida com a ausência, ambos necessários para a criação literária. “É um eterno dilema para mim. Preciso viver para ter o que escrever, mas quando escrevo não vivo”, disse Marina. Apesar da carreira ter começado recentemente, a ex-publicitária diz que sempre viu a vida da perspectiva de quem escreve. “Eu sempre contei histórias e vi personagens na minha vida. Comecei a escrever lendo escritoras mulheres, ainda que não por uma motivação feminista. Apesar disso, a Virgina Woolf, por exemplo, sempre lutou por um espaço na literatura feminina”. 

Colunista da Folha de S. Paulo, Duvivier disse que adora escrever o oposto do que é publicado no jornal. “Além da minha orientação política, que é oposta à do jornal, a forma em si da crônica é oposta à aridez do texto jornalístico. Me dá um prazer. Adoro que pessoas que me odeiam são obrigadas a comprar a Folha comigo. Cada vez mais acho que sou o que tem menos chance de ser demitido, porque se me mandarem embora vão dizer que é censura”, falou aos risos.

O ator também comparou a atuação com a escrita: “Atuar é estar presente. Escrever é estar ausente. O ator tem que incorporar um personsagem, o escritor se expõe. Mesmo quando é um texto de ficção, saiu da minha cabeça e me dá muita vergonha”.

A Tarrafa Literária continua neste final de semana, com Sergio Rodrigues e Michel Laub, Paulo Henrique Amorim e Mino Carta, David Toscana, Eliane Robert Moraes e Reinaldo Moraes, Arnon Grunberg, Eduardo Giannetti e Antônio Pedro Tota. 

Veja a programação completa abaixo:

24 de setembro, sábado

Tema: “Bola de Papel”

Às 15h

Com Sergio Rodrigues e Michel Laub

Mediação de Jorge Oliveira

Os convidadores são autores ficcionais que em algum momento de suas obras escreveram sobre futebol, e falarão sobre a influência do esporte na literatura.

 

Tema: “Parem as Máquinas!”

Às 17h

Com Paulo Henrique Amorim e Mino Carta

Mediação de Renato Rovai

A mesa discorre sobre a história dos dois jornalistas e faz uma reflexão sobre a imprensa, além de abordar a crise política.

 

Tema: “Encontro com David Toscana”

Às 19h

Com David Toscana

Mediação de Manoel Herzog

Escritor contemporâneo mexicano fala de sua trajetória.

 

25 de setembro, domingo

Tema: “Ménage à trois”

Às 15h

Com Eliane Robert Moraes e Reinaldo Moraes

Mediação de Paulo Ludmer

Especialista em obras eróticas e escritor visto como “marginal” por abordar o sexo em algumas obras conversam sobre o tema.

 

Tema: “Encontro com Arnon Grunberg”

Às 17h

Com Arnon Grunberg

Mediação de Gustavo Klein

Escritor holandês fala de sua trajetória.

 

Tema: “Um belo Brasil”

Às 19h

Com Eduardo Giannetti e Antônio Pedro Tota

Mediação de Matthew Shirts

Convidados falam do comportamento brasileiro sob uma perspectiva positiva para o futuro do país.


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