Com álbum de inéditas, MPB4 celebra 50 anos no palco

O grupo MPB4. Foto: Camilla Guimarães / Divulgação
A atual formação do MPB4: da esq. para a dir., Aquiles, Paulo, Dalmo e Miltinho. Foto: Camilla Guimarães / Divulgação

Tem início na noite desta sexta-feira (13) no palco do Sesc Vila Mariana em São Paulo um maratona de três dias de celebração ao legado do MPB4 que, com atraso de um ano, celebra meio século de trajetória irrepreensível. A festividade será ainda mais especial para os fãs. Afinal, além de cantar velhos clássicos, o grupo coloca à prova o repertório de um novo álbum, recém lançado pelo Selo Sesc, composto de 13 canções inéditas e intitulado MPB4 50 anos – o sonho, a vida, a roda viva.

Formado em 1965, por Antônio José Waghabi Filho (o saudoso Magro, morto em 2012, aos 68 anos, em decorrência de câncer), Aquiles Rique Reis, Ruy Alexandre Faria e Milton “Miltinho” Lima dos Santos, o MPB4 é desde que foi apresentado por Elis Regina no programa O Fino da Bossa, naquele mesmo ano,  o mais importante grupo vocal masculino de música popular do País.

Herdeiros de uma tradição que vem desde os anos 1930, escrita por grupos como Anjos do Inferno, Namorados da Lua, Os Namorados e Os Cariocas, o MPB4 surgiu em momento transitório para nossa música. Diretamente influenciado pelas vocalizações da bossa moderna de artistas como Os Cariocas e Tamba Trio o grupo, caracterizado pela excelência harmônica e os arranjos de Magro, teve, no entanto, de deixar de lado a temática idílica e romântica das letras das composições de ancestrais estéticos como João Gilberto e Tom Jobim, para aderir à canção de protesto, em uma movimentação que envolveu artistas como Edu Lobo, Marcos Valle e Nara Leão e foi deflagrada pela urgência de combater a ditadura imposta com o golpe civil militar de 1964.

Criado em Niterói, no Rio de Janeiro, e egresso dos Centros Populares de Cultura da UNE, o quarteto teve como primeiro nome Quarteto do CPC. Com o fechamento dos CPCs, por imposição dos militares, e o advento da nova sigla MPB (antes, era usual tratar a nascente música jovem de MPM, Música Popular Moderna), o grupo passou a se chamar MPB4.

Graças ao ouvido precioso de Aloysio de Oliveira o quarteto gravou, em 1966, o primeiro álbum, homônimo, pela Elenco, o icônico selo do produtor carioca. Entre as dez canções, quatro de um novo talento chamado Chico Buarque de Hollanda, o principal parceiro musical na longa trajetória do grupo.

Em 1967, ao lado de Chico o MPB4 contribuiu para tornar histórica a terceira edição do Festival de Música Brasileira da TV Record com a defesa pungente de Roda Viva, composição do espetáculo teatral homônimo, também de autoria de Chico, que foi a terceira colocada do festival – atrás de Domingo no Parque, de Gilberto Gil, e Ponteio, de Edu Lobo, a grande vencedora.

MPB4 50 anos – o sonho, a vida, a roda viva, o novo álbum, é composto por 13 canções, de autores como Paulo César Pinheiro, João Bosco, Vitor Ramil, Guinga, Mario Adnet e a dupla Kleiton e Kledir. Na apresentação do projeto o diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos Miranda, enaltece a novidade. “O disco é uma vitrine de ritmos, com sonoridades diversas que somente as quatro vozes do MPB4 poderiam nos apresentar. Não é sempre que podemos comemorar os 50 anos de um grupo que faz parte da nossa memória afetiva e musical. Ainda mais quando esta comemoração aponta para novos caminhos.”

Além dos fundadores, Aquiles e Miltinho, o MPB4 atualmente é formado por Dalmo Medeiros, substituto de Ruy, que deixou o grupo em 2004, e Paulo Malaguti “Pauleira”, que ocupa o lugar do maestro Magro. 

Reedições
O MPB4 também acaba ter sua discografia reverenciada com a reedição em CD de três grandes álbuns: Dez Anos Depois (1975), Canto dos Homens (1976) e Vira Virou (1980). Vendidos conjuntamente em um box intitulado Três Tons de MPB4, os relançamentos integram série da gravadora Universal que já reeditou em versões remasterizadas e arte gráfica original de álbuns de, entre outros, Fagner, Jorge Mautner e Erasmo Carlos.

A cada nova série da coleção, a Universal convida especialistas para a apresentação dos trabalhos. Desta vez, a tarefa coube ao jornalista, pesquisador e produtor musical paulistano Thiago Marques Luiz, que já desenvolveu projetos para, entre outros, Cauby Peixoto, Ângela Maria, Jane Duboc, Cida Moreira, Célia e Cláudia.

SERVIÇO

Show MPB4  

Sesc Vila Mariana

Rua Pelotas, 141

Sexta-feira e sábado, às 21h. Domingo, às 18h.

Três Tons de MPB4 – Gravadora Universal

MPB4 50 anos – o sonho, a vida, a roda viva – Selo Sesc


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