Foi na propriedade de Vignanello que Francesco hospedou importantes nomes da música clássica e barroca no século 18, como Scarlatti, Caldara, Hottetere e, o mais célebre deles, Gerog Friedrich Händel – nos dois anos que passou no castelo, ele compôs cerca de 50 cantatas e uma de suas principais obras, o oratório La Resurrezione. Foi com essa história em mente que, em 2009, cerca de dez anos após herdar o castelo junto à irmã, Giada decidiu criar o Prêmio Príncipe Francesco Maria Ruspoli, dedicado à música barroca. Após trabalhar muitos anos com artesanato, incentivando o intercâmbio cultural entre Brasil e Itália, Giada teve, em solo brasileiro, a inspiração para criar o concurso. “A Renata Pereira, do quarteto Quinta Essentia, me contou que estava fazendo mestrado sobre Hottetere e Ruspoli. Pensei que, se estavam estudando Ruspoli como um mecenas importante da música, era preciso fazer alguma coisa.”
Assim, Giada se tornou também uma espécie de mecenas do mundo contemporâneo. Levou para a Itália, para participar de palestras e eventos, músicos e pesquisadores brasileiros – como Zuza Homem de Mello – e se dedicou a organizar o prêmio de música barroca na Itália e, agora, no Brasil. Em sua sexta edição europeia (aberta para participantes de todo o mundo) e na primeira brasileira (aberta para participantes da América Latina e Caribe), o concurso se estabelece como um importante incentivo para instrumentistas e pesquisadores desse nicho da música clássica. O vencedor da primeira edição nacional, o chileno José Manuel Izquierdo Köning, além de receber o valor de R$ 3 mil, poderá acompanhar de perto a premiação da edição europeia em outubro, realizada no Castelo Ruspoli.
Giada, que estabeleceu laços fortes com o Brasil ao longo das décadas, mostra que uma nobre europeia pode se sentir em casa tanto no velho como no novo continente. “Estou sempre tentando juntar a cultura dos dois lugares. Afinal, isso é a minha história.” E a italiana mostra também que sua maior herança, ao menos para o mundo, não são castelos, propriedades ou dinheiro, mas sim a disposição de seguir incentivando a cultura, assim como fizeram alguns de seus antepassados.
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