Geoffrey Arnold Beck completa 70 anos hoje. Meu amigo Jeff Beck. Ele veio três vezes ao Brasil. Pouco antes da primeira apresentação em 1998 eu e o guitarrista Sergio Basbaum o entrevistamos para a revista Guitar Player por telefone. Depois que ouvi um “hi Luiz”, disparei “pô meu, parece que estou falando com um amigo” e ele “é cara, a música tem esse poder”. Meu amigo Jeff.
Na segunda vez que ele tocou aqui, em 2010, apresentei o show para a TV Cultura. Desta vez, em maio deste ano, eu não fui. Estava tocando no norte do País. Meu Deus! Ele veio com aquela baixista linda, a Tal Wilkenfeld, e o Vinnie Colaiuta, que tocou com o Zappa, na bateria. Na passagem de som toquei Beck’s Bolero dez vezes. Soube pela internet que ele abriu o show com Morning Dew, do seu primeiro disco, Truth (ouça a íntegra).
Ficava sonhando. Quando ele tocou com a Tina Turner, no Private Dancer, ela autografou sua guitarra Jackson com um picador de gelo. Anoushka Shankar escreveu seu nome com mais delicadeza na sua Fender strato branca. Naturalmente as guitarras passaram a se chamar “Tina” e “Anoushka”.
Soube pelo livro Hot Wired Guitar: the life of Jeff Beck (inédito por aqui) que ele tentou tocar com os caras da Motown e eles se negaram a fazer a jam. Jeff foi para Nashville, tocou com e foi produzido por Steve Cropper, da concorrente Stax. No ano passado ele foi convidado para tocar com os Stones na comemoração dos 50 anos da banda. Mas o livro trouxe mil fatos novos. Finalmente ele se tornou uma lenda em seu país. Jeff entrou para o Rock and Roll Hall of Fame em 2009, apresentado pelo amigo Jimmy Page, com quem tocou nos Yardbirds. Em 2011 ele foi homenageado por duas instituições inglesas por “uma carreira extraordinária”. A University of Arts London e a University of Sussex. Abriu o curto discurso de agradecimento nesta última dizendo “se você sonha com algo que você realmente quer fazer, então eu sugiro que você continue fazendo isso…”.
Continue fazendo isso, nos faça sonhar, meu amigo Jeff.
Ps. Eis o concerto que eu perdi:
Veja também o guitarrista, com os Yardbirds e Jimmy Page, na antológica cena do filme Blow-Up, de Michelangelo Antonioni (1966):
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