As ocupações de prédios públicos ligados ao Ministério da Cultura já se estendeu a todos os Estados do Brasil. As manifestações começaram no dia 13, depois que o governo Michel Temer incorporou a pasta da Cultura ao Ministério da Educação, controlado pelo deputado Mendonça Filho (DEM) – o mesmo que, nesta quarta-feira (25), recebeu em seu gabinete o ator Alexandre Frota para discutir propostas sobre a educação no País.
A reação dos artistas à extinção do ministério começou quando Mendonça Filho se apresentou no ministério: o deputado foi recebido com cartazes com as frases “Vaza Mendonça Filho” e “Cultura sim, golpe não”. No resto do País, Curitiba foi a primeira cidade a ter um prédio ligado ao MinC ocupado pelos manifestantes, ainda no dia 13.
As ocupações se disseminaram pelos demais Estados e hoje atingem todas as Unidades da Federação. O governo Temer tentou reverter os protestos convidando pelo menos cinco mulheres para ocupar a recém-criada Secretaria da Cultura: Marília Gabriela, Cláudia Leitão, Daniela Mercury, Bruna Lombardi e Eliane Costa. Todas recusaram. O presidente desistiu então de nomear uma mulher para o cargo e recriou o Ministério da Cultura, entregue ao então secretário da Cultura do Rio de Janeiro, Marcelo Calero.
Apesar do recuo do Planalto, os protestos não cessaram. Em um vídeo divulgado na segunda-feira, artistas como Marieta Severo, Patrícia Pillar, Andréa Beltrão, Jards Macalé e Otto disseram que não reconhecem a nova gestão. Eles exigem a deposição “de um governo golpista” e dizem não reconhecer Temer como presidente: “Qualquer tipo de negociação com o Palácio do Planalto é uma forma de legitimar o golpe”.
Em comunicado, os militantes que ocupam o Palácio Capanema, no Rio, onde funcionam as sedes do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Nacional) e da Funarte (Fundação Nacional de Artes), afirmaram que os protestos serão mantidos até a saída de Temer. Eles dizem que não terão qualquer tipo de diálogo com o atual governo.
“Repudiamos qualquer apoio ou tentativa de diálogo de qualquer entidade, segmento ou artistas que venham a negociar com esse governo ilegítimo, utilizando-se da luta plural e democrática travada nas ocupações”, diz o texto. Os artistas afirmam que continuarão tomando “de forma pacífica e contundente” as sedes do Ministério da Cultura no Brasil.
O movimento também criticou a postura de entidades como a APTR (Associação de Produtores de Teatro) e o Procure Saber, que aceitaram dialogar com Marcelo Calero.
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