Clarice Lispector-Todos os Contos
Organização de Benjamin Moser, Rocco, 654 páginas
“E as máscaras? Eu tinha medo mas era um medo vital e necessário porque vinha ao encontro da minha mais profunda suspeita de que o rosto humano também fosse uma espécie de máscara.”
Uma das maiores escritoras brasileiras, Clarice Lispector publicou o primeiro livro aos 23 anos: Perto do Coração Selvagem. Também escreveu, entre contos e romances, A Hora da Estrela, popularizado no cinema.
Pela primeira vez, todos os contos da escritora Clarice Lispector estão reunidos em um só livro. O volume é organizado pelo americano Benjamin Moser, autor de Clarice, uma Biografia e divulgador da obra da escritora nos EUA. Moser estará na Flip deste ano, lançando o livro Autoimperialismo.
Literatura e Animalidade
Maria Esther Maciel, Civilização Brasileira, 176 páginas.
“Se Michel de Montaigne emerge, no âmbito da filosofia ocidental, como um precursor importante para o debate contemporâneo sobre as
políticas da vida, isso se deve, entre outras coisa, à associação feita por ele entre a violência contra os animais e a violência contra as pessoas.”
Professora titular de Teoria da Literatura e Literatura Comparada da UFMG, Maria Esther estará na próxima Flip, dividindo o palco com a inglesa Helen Macdonald.
Primeiro trabalho de fôlego sobre o tema publicado no Brasil, o livro busca rever as alteridades que nos cercam a partir de pensadores como Derrida, Deleuze e Agamben e escritores como Kafka, Coetzee e Guimarães Rosa. Ao final, uma entrevista com o especialista francês Dominique Lestel.
Os Contos Completos
Alberto Mussa, Editora Record, 400 páginas.
“Não foi de todo ignorado pelos sábios que os teoremas da Escola de Crotona, particularmente o relativo ao triângulo retângulo, tiveram um significado mais metafísico que matemático. Não é à toa que se conta ter sido oferecida uma hecatombe aos deuses em função dessa tremenda descoberta.”
Mussa nasceu no Rio de Janeiro, em 1961. Com livros traduzidos para 14 línguas, recebeu vários prêmios, entre eles o Machado de Assis e o da APCA, ambos duas vezes.
Dividido em histórias cariocas, narrativas orientais, relatos brasileiros e variações machadianas, os contos deste livro não são completos no sentido estrito do título ou melhores, ou mesmo favoritos. São “todas as minhas narrativas curtas que podem ser lidas
de maneira autônoma”, como disse o autor.
Cabo de Guerra
Ivone Benedetti, Boitempo, 301 páginas.
“Entendo que devo obedecer. Vou encostar do outro lado. Assim, fico perto da esquina, bem visível, de onde consigo ver perfeitamente quem se aproxima; já não dependo de sombras. O policial se afasta, some por trás do caminhão. Carlos vem chegando. Contrariando o combinado, corre.”
Doutora em Literatura Francesa pela USP e tradutora de primeira linha, Ivone Benedetti fez sua estreia em 2009, com o romance Immaculada, finalista do Prêmio São Paulo de Literatura.
No ainda modesto rol de obras de ficção que têm como cenário a ditadura militar no Brasil, o romance se destaca por ter como protagonista um
“cachorro”. Assim era chamado o integrante de um grupo de resistência à ditadura que traía os companheiros, provocando prisões e mortes.
O Mundo Sitiado Murilo Marcondes
de Moura, Editora 34, 376 páginas.
“(…) a vida cotidiana foi afetada – pelos racionamentos, pelo torpedeamento de navios mercantes brasileiros, pelas ameaças de bombardeio, com a mobilização de civis em exercícios de blecaute (…) sobretudo pelo envio de soldados em 1944 para a Itália”
Professor de Literatura Brasileira na USP, Moura fez pós-doutorado sobre Apollinaire na França. Ao lado de Júlio Castañon Guimarães, organizou o relançamento
das obras de Murilo Mendes pela Cosac Naify.
O autor examina a poesia escrita na Primeira Guerra Mundial, por soldados-poetas como Apollinaire e Ungaretti, e também aquela feita durante a Segunda Guerra, por Drummond, Oswald de Andrade, Cecília Meireles e Murilo Mendes.
Uma Vida Pequena
Hanya Yanagihara, tradução de Roberto Muggiati, Editora
Record, 783 páginas.
“Fazer faxina era tedioso; e era particularmente tedioso quando se estava sóbrio. Pensou (…) que nenhuma das coisas boas que deveriam acontecer quando se toma metanfetamina aconteceram a ele. Outros tinham perdido peso, ou se envolviam em maratonas sexuais”
A americana Hanya Yanagihara ainda escreveuThe People in the Trees, publicado em 2013. E trabalhou como editora na Condé Nast Traveler e na The New York Times Style Magazine.
O ator Willem, o pintor JB, o arquiteto Malcolm e o enigmático Jade são quatro amigos que se mudam para Nova York e compartilham as angústias e frustrações da saída da faculdade à meia-idade. O romance foi finalista do Man Book Prize e do National Book Award.
A Assimetria e a Vida
Primo Levi, tradução de Ivone Benedetti, Editora Unesp, 304 páginas.
“A violência que hoje respiramos no ambiente não deve nos fazer esquecer a violência de passado recente, a que devastou a Europa sob a sinistra insígnia da caveira e dos SS rúnicos: porque violência gera violência, e não existe violência boa contraposta a uma violência ruim.”
Nascido na cidade italiana de Turim, em uma família judia liberal, o químico e escritor Primo Levi, sobrevivente de Auschwitz, foi um dos mais importantes memorialistas do século XX.
Organizado pelo escritor e crítico literário italiano Marco Belpoliti, reúne ensaios publicados entre 1955 e1987. Dividido em duas partes, a primeira sobre o Holocausto, a segunda sobre temas variados, mostra como Primo Levi continua atual.
Outras reportagens
A reportagem completa você confere na edição da CULTURA!Brasileiros 01, já nas bancas. Nela você encontra resenhas, ensaios fotográficos, dicas de música, cinema, literatura, HQ, além de grandes reportagens, como as que foram dedicadas a João Guimarães Rosa.
Deixe um comentário