OSGEMEOS abrem exposição individual em Nova York

OSGEMEOS: O Pato Rei (The King Duck), 2016, mixed media on wood board 279 x 189 x 14 cm
OSGEMEOS: O Pato Rei (The King Duck), 2016, mixed media on wood board 279 x 189 x 14 cm

A Galeria Lehmann Maupin, de Nova York (EUA), inaugurou nesta quinta-feira (8) a mostra Silence of the Music, a primeira exposição individual da dupla brasileira OSGEMEOS no local. A mostra ficará em cartaz até o dia 22 de outubro. A exposição promete uma experiência multissensorial capaz de mobilizar o inconsciente.

Com uma combinação de desenhos, pinturas, colagens, escultura de mídia mista e elementos cinéticos e de áudio, os irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo transformaram as várias salas do espaço em uma instalação, na qual retomaram experimentações que fizeram no início da carreira com mídias diversas. Elas agora incluem pinturas a óleo. 

 A exposição estende a abordagem de OSGEMEOS para um trabalho artístico mais amplo, exemplificado na exposição individual que fizeram no Instituto de Arte Contemporânea de Boston em 2012. Silence of the Music foi concebida como uma instalação arte-ambiente, onde cada sala reúne um agrupamento de pinturas e objetos que cobrem as paredes do chão ao teto. A exposição presta homenagem à música. Na sala “B-Boy” há pinturas de rádios com alto-falantes embutidos que reproduzem faixas ligadas ao imaginário sobre as telas e esculturas interativas que tocam discos de vinil.

Tal como os artistas surrealistas do início do século 20, OSGEMEOS procuram desafiar as convenções e empurrar os limites da arte e da sociedade a partir da exploração do subconsciente e da imaginação. Em contraste direto com a noção surrealista de um espaço de sonho solitário, no entanto, os gêmeos têm descrito uma intuição compartilhada e experiências do subconsciente que são traduzidas visualmente através de seu processo colaborativo. Muitas vezes, eles fazem alusão a esta noção de dualidade com a incorporação do sol e da lua, que é representante das forças masculinas e femininas. A sala “Kiss”, por exemplo, é pintada em tons brilhantes que exalam um esplendor ensolarado e é ancorada por uma escultura mecânica, que representa o masculino. No teto, diretamente sobre ela, outra escultura retrata uma mulher, cujo rosto tem forma de lua. Esta aparenta beijar a estátua abaixo, acionando então a música que é tocada no ambiente. Essas imagens e suas instalações têm como intuito evocar um estado de sonho lúcido, capacitando o público a considerar o seu próprio subconsciente.

Os irmãos gêmeos Gustavo e Otávio Pandolfo nasceram em São Paulo em 1974. Eles apareceram na cena artística no final dos anos 80 como grafiteiros do bairro em que viviam, o Cambuci, e são agora reconhecidos internacionalmente por um estilo figurativo que normalmente apresenta personagens amarelos, de fino delineamento vermelho-escuro e desenhos padrões intricados. Inicialmente influenciados pelo movimento de grafite de Nova York, eles tornaram sua arte acessível à comunidade.

Os irmãos acreditavam que os movimentos de arte brasileiros populares da época, que favoreciam a arte conceitual, minimalista e concreta, criaram barreiras para o público. Por isso abraçaram o trabalho de artistas autodidatas como Arthur Bispo do Rosário, que criou todo o seu trabalho de um hospital psiquiátrico no Rio de Janeiro durante os anos 1930. Após uma visita a Barry McGee, de São Francisco (EUA), em 1993, eles desenvolveram uma prática de estúdio rigorosa enquanto continuaram a fazer murais. Isto permitiu a eles levar a singular visão artística de rua que possuíam para um público internacional, incluindo galerias, museus e coleções particulares.

Eles já fizeram exposições individuais no Instituto de Arte Contemporânea, em Boston (2012); no Museu Colecção Berardo, em Lisboa (2010); e no Museu Het Domein, Sittard, Holanda (2007). Entre as exposições coletivas das quais participaram estão Art in the streets, no Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles, CA (2011); Viva la Revolucion: A Dialogue with the Urban Landscape, no Museu de Arte Contemporânea em San Diego, CA (2010); e When Lives Become Form: Creative Power from Brazil, Museu de Arte Contemporânea de Tóquio (2008).

O trabalho dos dois está ainda em inúmeras coleções públicas internacionais, incluindo a  The Frank-Suss Collection em Londres; Museu de Arte Moderna, São Paulo; Museu de Arte Brasileira, São Paulo; e Museu de Arte Contemporânea de Tóquio. Em 2014, OSGEMEOS foram incluídos na Bienal de Vancouver.


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