Do punk à TV aberta, João Gordo passa a sua história a limpo em nova biografia

João Gordo - Foto: Divulgação
João Gordo – Foto: Divulgação

Seja como vocalista do Ratos de Porão, já uma instituição do hardcore mundial com mais de 30 anos na estrada, ou como apresentador de TV em diversos canais ao longo do tempo, João Gordo é um dos personagens mais importantes da cultura popular brasileira das últimas décadas. Por isso, nada mais justo do que sua história de mais de cinco décadas virar livro.

Prestes a ser lançada pela DarkSide Books em uma edição luxuosa com direito a capa dura e muitas fotos, a autobiografia João Gordo: Viva La Vida Tosca, feita a quatro mãos com o jornalista André Barcinski, conta toda a história de João Francisco Benedan, que aprontou muito antes de virar o senhor de 52 anos, casado e com filhos, de hoje em dia.

Estão lá, obviamente, as farras homéricas com bebidas e drogas, com direito a uma noite histórica com o eterno vocalista e guitarrista do Nirvana, Kurt Cobain, e histórias clássicas com o RDP. Além disso, histórias que muita gente não sabe, como o seu relacionamento complicado com o pai, policial linha dura, que influenciou sua entrada para o punk; o seu gosto pelo xadrez, em que chegou até a ser campeão na escola, e também pelo Carnaval, já que foi mestre de bateria em um bloco quando morou brevemente em Angatuba, no interior de SP.

 

Ratos do Porão - Foto: Divulgação
Ratos do Porão – Foto: Divulgação

“As pessoas têm uma visão muito besta sobre mim. Elas acham que eu sou um louco, troglodita, ignorante. E sou um cara normal. Não normal, digamos, mas sou um pai de família, um senhor de 52 anos. E as pessoas não têm essa consciência, acham que eu sou um drogado louco que mora na Cracolândia. E eu sou muito mais gente do que muito cristão por aí“, diz  João, que admite ter deixado algumas coisas de fora da obra.

“É lógico que a gente sempre tem uns esqueletos no armário que não quer colocar na roda. E muito menos ficar dando nome aos bois, vai que as pessoas se invoquem e te mandam um processo. Então tem uns nomes trocados para não dar problemas.”

João Gordo - Foto: Divulgação
João Gordo – Foto: Divulgação

Amigo de longa data e responsável pela primeira incursão de João Gordo fora da música, para cobrir o GP de Fórmula 1 do Brasil para o Notícias Populares no começo dos anos 1990, Barcinski já tinha a ideia para fazer a biografia há um bom tempo.

“Desde aquela época (do GP de Fórmula 1 do Brasil no começo dos anos 1990), já achava que o João tinha muito mais a dizer do que a imagem dele dava a entender. Deve fazer uns 10 anos desde que falei para ele fazer um livro. Há uns 3 anos ele me ligou e falou para a gente fazer o livro. Foi uma sugestão minha de fazer em primeira pessoa, ele conta histórias muito bem, de um jeito muito engraçado”, explica Barcinski, que também dirige o biografado atualmente no programa de TV Eletrogordo, do Canal Brasil.

Além das muitas entrevistas feitas com João ao longo de 18 meses, Barcinski também conversou com cerca de uma dúzia de outras pessoas para poder complementar a obra e checar algumas informações de histórias que Gordo não lembrava totalmente. “A história do fechamento do Circo Voador (durante um show do RDP em 1996), por exemplo, ele lembrava muito pouco. Depois eu descrevi para ele e aí as coisas começaram a voltar”, diverte-se o jornalista, que também possui no currículo as biografias de José Mojica Marins, o Zé do Caixão, e do Sepultura, maior banda de metal do Brasil.

Para Barcinski, a parte mais difícil na hora de fazer o livro foi conseguir manter a “voz” do biografado no texto. “A minha preocupação maior foi manter a verve do João. Porque ele fala de uma maneira muito particular e envolvente, tem umas frases perfeitas, do começo ao fim”.

E Gordo aprovou o resultado e a parceria. “Fazer com o Barcinski foi muito mais fácil porque o cara é meu amigo, né?  Eu contava as coisas e ele ficava chorando de dar risada. Então foi tudo fluindo. Ele sabe como eu sou, como eu falo. Tanto que as pessoas imaginam eu contando quando leem o livro. Quando eu li o livro do Tim Maia, imaginei ele falando, sabe? E isso é muito legal porque você coloca um ‘som’ no texto.”

Questionado sobre a ideia de fazer um livro sobre a história do Ratos de Porão, que já possui um documentário no currículo, o divertido Guidable, Gordo se mostra confortável com a sua rotina atual mais tranquila. “Eu não penso em mais nada, cara. Só penso em ser avô.”

Serviço

João Gordo: Viva La Vida Tosca

Lançamento e noite de autógrafos em São Paulo

Quando: 23/11, a partir das 18h

Onde: Livraria Cultura – Conjunto Nacional (Avenida Paulista)

 


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