Tem início a maratona documental do festival ‘É Tudo Verdade’

Batidores do filme It's Allo True - Orson Welles
Em Fortaleza (CE), Orson Welles (de chapéu) dirige, em 1942, o filme É Tudo Verdade. Welles é um dos homenageados do festival brasileiro que leva o nome do filme, que ficou inacabado devido a uma tragédia no mar. Conheça a história em reportagem especial (foto: Acervo Instituto Cultural Chico Albuquerque)

Foi iniciada, ontem, 9/4, em São Paulo, a 20ª edição do Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade. O evento foi aberto com a exibição de Últimas Conversas, de Eduardo Coutinho, finalizado meses após a trágica morte do diretor, em fevereiro de 2014. Autor de clássicos como Exu, Uma Tragédia Sangrenta (1979) e Cabra Marcado Para Morrer (1984), Coutinho é considerado o maior documentarista do cinema brasileiro e foi assassinado, aos 80 anos, pelo próprio filho, Daniel Oliveira Coutinho, que é esquizofrênico. Considerado inimputável, Daniel foi absolvido pela Justiça na última quarta-feira, 8/4.

Apaixonado pelo É Tudo Verdade, Eduardo Coutinho integrou o júri da mostra em diversas edições e foi tema de retrospectivas no festival. Últimas Conversas é seu primeiro filme a ter a honraria de abrir a mostra. O documentário aborda o cotidiano de 30 adolescentes da rede pública de ensino do Rio de Janeiro e foi finalizado com os esforços conjuntos de Jordana Berg, montadora de Coutinho havia quase 20 anos, e o produtor João Moreira Salles.   

Ontem, também na capital paulistana, houve a abertura da mostra de documentários musicais com a apresentação de cinco filmes no Reserva Cultural, uma das seis salas de cinema paulistanas que integram o festival. Entre os filmes exibidos, produções consagradas pelo público, como Paulinho da Viola: Meu Tempo é Hoje, de Izabel Jaguaribe, Um Certo Dorival Caymmi, de Aluisio Didier, e Herbert de Perto, de Roberto Berliner e Pedro Bronz, sobre a trajetória de Herbert Vianna, cantor, guitarrista e compositor d’Os Paralamas do Sucesso.

Grande homenageado da 20ª edição do É Tudo Verdade, o documentarista paraibano Vladimir Carvalho, que completou 80 anos em janeiro último, será tema da mostra Retrospectiva Brasileira: Vladimir Carvalho, 80, que reunirá trabalhos de diferentes períodos, como O País de São Saruê (1971), O Homem de Areia (1981), O Evangelho Segundo Teotônio (1984), Conterrâneos Velhos de Guerra (1991), além de Vladimir Carvalho, Um Olhar Solidário, documentário de 2006, dirigido pelo premiado diretor de fotografia Walter Carvalho, irmão do homenageado, que também é celebrado no livro Jornal de Cinema, publicado em parceria entre o festival e a Imprensa Oficial. 
Além do paraibano, um ícone do cinema mundial, o diretor Orson Welles (1915-1985) também será reverenciado na mostra, pela ocasião de seu centenário de nascimento. 

Na apresentação da mais recente edição do É Tudo Verdade, Almir Labaki, criador e diretor do festival, enfatizou a importância do homenageado e das interlocuções entre autores, nesses 20 anos de mostra: “Frente aos 80 anos de vida e seis décadas de atividade cinematográfica de um mestre como Vladimir Carvalho, 20 edições de um festival é um sopro. O rigor e a beleza, a coerência e a diversidade que caracterizam a obra de Vladimir representam o terreno fértil do qual tem germinado o melhor do cinema brasileiro, no qual modestamente plantou raízes o É Tudo Verdade”, defendeu Labaki.        

Até 19/4, O festival apresentará gratuitamente, em São Paulo e na cidade do Rio de Janeiro, a partir de hoje, 10/4, 109 produções de 31 países, entre as quais 12 estreias, como o aguardado Eu Sou Carlos Imperial, de Renato Terra e Ricardo Calil. O evento promoverá também a 14ª edição da sua conferência sobre cinema documental e as tradicionais mostras competitivas de filmes brasileiros e internacionais. Para os concorrentes, a grande novidade da edição 2015, que enfatiza a importância do É Tudo Verdade, é que os vencedores das duas categorias estarão diretamente credenciados a concorrer ao Oscar 2016 de Melhor Documentário, conforme acordo entre a mostra brasileira e a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.    

Para o público, outra boa nova é que, pela primeira vez, a mostra irá além das capitais paulista e fluminense e chegará também a Belo Horizonte (entre 29 de abril a 4 de maio), a cidade de Santos, no litoral Sul de São Paulo (entre 7 e 10 de maio) e Brasília (de 27 de maio a 1º de junho). Todas as sessões têm entrada gratuita.  

Confira na página oficial do evento, e baixe em PDF, a programação completa em São Paulo  e no Rio de Janeiro.


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