Viagem a Timbuktu

Guiné Fortier simula ser transportado por carregadores; na verdade, ele pede emprestada toda a “entourage” para mostrar como se viajava
Guiné Fortier simula ser transportado por carregadores; na verdade, ele pede emprestada toda a “entourage” para mostrar como se viajava – Foto: Edmond Fortier/Coleção Particular

Foi um encontro incrível. De um lado, a historiadora brasileira Daniela Mo­reau, dona de um currículo invejável. De outro, o fotógrafo francês Edmond Fortier, que morreu desconhecido, apesar de ser o autor de quase cinco mil imagens da África do Oeste no início do século 20, quando a região passava por fortes transformações provocadas pela presença do colonizador europeu.

Fortier viveu entre 1862 e 1928. Nasceu na França, em uma pequena cidade da Alsácia Lorena, anexada ao império alemão quando ele ainda era um menino. Com 20 anos, ao ser obrigado a servir o Exército alemão, ele, que já era contador, mas não se sentia nem um pouco alemão, fugiu para Paris. Nos quatro anos seguintes, enfrentou toda espécie de burocracia para reconquistar sua cidadania francesa. Foi em seu país de origem que ele se casou e teve a primeira de suas duas filhas. Na virada do século 19 para o 20, a família se transfere definitivamente para Dakar, capital do Senegal, provavelmente motivada por questões econômicas.

Daniela, formada pela USP e mestre em Ciências Políticas pela Unicamp, deu uma volta enorme antes de encontrar Fortier. Há mais de 20 anos, um pouco cansada da academia, decidiu investir em outro segmento: artesanato. “Sempre me interessei por peças da Guatemala, do México e do Peru. Fui pesquisando e cheguei ao universo africano das tecelagens, dos adornos. Montei um trabalho de pesquisa com tecelagem artesanal e decidi que eu tinha de conhecer a África.”

Em fevereiro de 1995, Daniela pisou pela primeira vez no continente, na capital de Burkina Faso, Uagadugu, onde acontece um tradicional festival de cinema. Conheceu africanos e teve contato com a obra Amkoullel, o Menino Fula, do malinês Amadou Hampâté Bâ, que narra a história do grupo étnico fulani. Ficou tão impressionada que coordenou a tradução desse livro no Brasil (Palas Athenas, 2003), que já está na terceira edição. “Quando o livro ficou pronto, as pessoas falavam que ia ser difícil entender, por exemplo, o que é uma mesquita na África, feita de adobe, bem diferente do que temos no nosso imaginário, e comecei a investigar. Foi assim que cheguei às primeiras imagens de Fortier.”

Leia a reportagem completa e muito mais na Brasileiros de fevereiro, já nas bancas!


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