A zoeira perde um expoente

Fausto Fanti era um cara da zoeira. Já foi repórter fanfarrão no Jornal Jornal, o jornal que é muito mais jornal do que o jornal que você compra na banca de jornal, já se passou pelo Tinhoso num desafio épico contra o Padre Quemedo, já esculachou criancinhas como o Palhaço Gozo e até se arriscou em uma dieta no mínimo inusitada, passar um mês se alimentando apenas de uma iguaria típica da culinária ogra paulistana, o bolovo.

Dos diversos personagens criados pela mente brilhante de Fausto, com certeza, o mais conhecido deles era o Renato, que junto com seu parceiro Hermes dava nome a trupe de humoristas que foi a principal referência de toda uma geração, já muito velha para desenho animado e muito debochada para levar qualquer coisa a sério. 

Talvez tenha sido esse descompromisso o ingrediente fundamental do sucesso do grupo, que desde o final da década de 1990 até o final da década de 2000, foi uma das principais atrações da grade da MTV. O humor escrachado e a produção tosca e precária, antes por necessidade e depois por opção, alavancou o humorístico a um nível “trash cult”, algo até então nunca feito na televisão brasileira, e nos rendeu figuras imortais como Boça e Joselito, imitados exaustivamente em qualquer roda de amigos.

Fausto Fanti morreu, foi encontrado morto em seu banheiro na noite da última quarta-feira, dia 31 e tudo indica que ele tirou sua própria vida, porém, o Renato vai viver para sempre.


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