O ICE (Índice de Clima Econômico) – estudo que mede a percepção da economia atual e futura – calculado pela Fundação Getúlio Vargas em parceria com o Institute for Economic Research, da Alemanha, mostra que o humor em relação ao momento econômico do Brasil não é bom: entre os vizinhos da região, o País só está atrás da Venezuela – pior do estudo – e do Equador em otimismo sobre a situação econômica atual e a prospecção do futuro, com 46 pontos entre 140 possíveis. O dado é pior se analisar a média dos 11 países latino-americanos nos últimos quatro meses. Neste caso, o Brasil figura na penúltima colocação, à frente apenas da Venezuela, com 55 pontos. Os dados completos podem ser acessados aqui.
O índice recuou 5,3% entre janeiro e abril na América Latina, passando de 75 pontos no final do ano passado para 71 pontos no relatório atual, divulgado nesta terça-feira (12).
O ICE se pauta em dois indicadores formulados por especialistas econômicos de cada país que analisam a situação atual da economia em seus respectivos países: o ISA (Indicador da Situação Atual) e também prospectam o futuro dessas economias: o IEX (Indicador de Expectativas). A junção desses dois dados formam o indicador de clima econômico.
Na pesquisa são incluídas questões sobre despesas de consumo, despesas de investimentos, taxas de juros, taxas de inflação, balança comercial e taxa de câmbio. Ou seja, o relatório se baseia em percepções de especialistas de todos os países latino-americanos sobre os rumos de suas economias. Os mesmos dados são avaliados em nível mundial, mas em espaços de tempo distintos.
Segundo a pesquisa divulgada nesta terça-feira, o ISA dos últimos quatro meses da América Latina é de 60 pontos, queda vertiginosa em comparação com a média de dez anos, de 99,3 pontos. O IEX, por sua vez, está em 82 pontos, também baixo em comparação com a média de dez anos, de 99,9. O topo de pontos em nível América Latina é 140 e, em nível mundial, 160. Os países mais bem colocados no ICE atualmente são a Índia (151 pontos) e a Alemanha (150), enquanto que, entre os latino-americanos, destacam-se Paraguai (127 pontos) e Chile (113 pontos). O pior é a Venezuela, com apenas 20 pontos.
O Brasil também está com avaliação ruim no índice ICE: o País tem 49 pontos, atrás apenas da Venezuela e do Equador, que tem 46. Acima do desempenho brasileiro estão o México, com 72 pontos, e a Argentina, com 76. O ISA (situação atual da economia brasileira) está em 57 pontos e a expectativa para o futuro, o IEX, somou o mesmo número. Entre os critérios para a percepção negativa da economia do País, estão a falta de confiança na política econômica (7,8 pontos), a inflação (7,7), o déficit público (7,7) e a falta de competitividade internacional (7,5).
Três países se destacam nos índices: o Paraguai, o Peru e a Bolívia. O primeiro porque possui a melhor conjuntura econômica da situação atual e da percepção do futuro, com índice ICE de 100 pontos. O Peru porque permite aos economistas vislumbrarem a melhor condição econômica futura, com ISA de 131 pontos e, a Bolívia, pela segunda melhor situação atual de economia, com 124 pontos, atrás apenas do Paraguai, com 125.
Mundo
Na contramão da América Latina, no plano mundial, houve melhora do ICE em outros países do mundo: o indicador passou de 106 pontos para 110 pontos, liderado pelo desempenho da União Europeia (UE). A UE registrou elevação de 11,5% na pontuação, em razão tanto das avaliações sobre a situação atual quanto das expectativas. A China continua registrando clima econômico desfavorável desde outubro de 2014, mesmo com o aumento de 7,1% do ICE, entre janeiro e abril, para 91 pontos. “O resultado, no entanto, está associado ao aumento de 20% no Indicador de Expectativas, “o que sugere que a economia pode estar retomando uma trajetória ascendente”, avalia o estudo.
Entre o Brics, sigla que se refere a Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o Brasil registrou o menor ICE, enquanto a Índia é o único país do grupo com ICE favorável.
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