Poucos argumentos são tão infalíveis no mundo corporativo quanto aqueles que tocam o bolso dos empresários. E os líderes de TI acabam de ganhar uma arma poderosa para pleitear maior participação nos investimentos das organizações. De acordo com um estudo da Fundação Getúlio Vargas, cada 1% a mais na proporção dos investimentos feitos em tecnologia aumentam em 7% o lucro das companhias em um intervalo de dois anos.
Fernando Meirelles, professor do centro de tecnologia da informação aplicada da FGV/EAESP, verificou essa correlação entre recursos canalizados à informática e a lucratividade em uma análise realizada ao longo da última década e levando em conta organizações que atuem no setor de indústria/manufatura e possuem capital aberto.
O especialista, contudo, identifica que o contexto certamente é verdadeiro para outras verticais de mercado. Ele faz, ainda, outras ressalvas: “Obviamente que esse crescimento não é exclusivo aos investimentos em TI, não dá para isolar, mas também não dá para negar esse fato”, acrescenta.
Meirelles é responsável por um estudo “Mercado Brasileiro de TI e Uso nas Empresas”, que anualmente mede a utilização e evolução da tecnologia no país. De acordo com a edição mais recente, as empresas que operam no País investiram e gastaram, em média, 7,6% de seu faturamento líquido em TI ao longo de 2014. Essa proporção cresceu sutilmente frente ao ano anterior, apesar do contexto econômico desfavorável.
“Foi pouquinho, mas cresceu”, comenta o professor, sinalizando que no ano anterior a proporção ficou de 7,5%. “Mas, no cenário que estamos, crescer qualquer em termos de economia merece uma salva de palmas”, acrescenta o executivo, que acredita que essa proporção tende a seguir uma curva ascendente também em 2015. “As empresas vão investir mais em tecnologia”, projeta.
Os setores de finanças e serviços puxam a média para cima. Os bancos brasileiros, por exemplo, aplicaram 13,8% de seu faturamento líquido em gastos e investimentos em TI. “O dobro do que a média”, constata. A vertical de serviços também influencia nessa curva, com 10,8% de seus resultados revertidos à tecnologia.
Sobre os setores mais propensos para ampliar o investimento em tecnologia, o professor destaca o varejo. “Essa tem um potencial gigantesco. Mas é preciso ter cuidado porque a cada 0,5% a mais da receita do varejo dá para fazer uma enormidade em informatização”, pondera, observando oportunidade também junto ao governo e saúde.
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