O Banco Central (BC) revisou a projeção para o saldo negativo das contas externas de US$ 81 bilhões para US$ 65 bilhões, este ano. Esse saldo das compras e vendas de mercadorias e serviços do Brasil com o resto do mundo deve representar 3,71% de tudo o que o País produz , o Produto Interno Bruto (PIB). A estimativa anterior para essa relação era 4,17%.
De janeiro a agosto, o saldo negativo ficou em US$ 46,148 bilhões, contra US$ 65,248 bilhões nos oito meses de 2014. O déficit chegou ao final do ano passado em US$ 103,597 bilhões, o que representou 4,42% do PIB.
Uma das razões é a alta do dólar, que inibe as importações e torna os produtos brasileiros mais competitivos no exterior. É que uma das contas incluídas no cálculo das transações correntes é balança comercial, formada pelas exportações e importações. O BC prevê saldo positivo de US$ 12 bilhões para essa conta, contra a previsão anterior de US$ 3 bilhões. De janeiro a agosto, o superávit comercial chegou a US$ 6,333 bilhões, contra déficit de US$ 889 milhões registrados em igual período do ano passado.
Além das compras e vendas de mercadorias, também estão incluídas no balanço das transações do País com exterior a conta de serviços, as viagens internacionais, transportes, aluguel de equipamentos, seguros, entre outros. Essa conta deve apresentar déficit de US$ 40,3 bilhões, ante previsão anterior era US$ 44,2 bilhões. De janeiro a agosto, o saldo negativo ficou em US$ 26,417 bilhões, contra US$ 30,735 bilhões em igual período do ano passado.
Também deve apresentar déficit a conta de renda primária (lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários): previsão de US$ 39,7 bilhões, ante a estimativa anterior de US$ 41,6 bilhões. Nos oito meses do ano, o déficit dessa conta ficou em US$ 27,619 bilhões, ante US$ 35,187 bilhões em igual período do ano passado.
A conta de renda secundária (como doações e remessas de dólares sem contrapartida de serviços ou bens) promete saldo positivo de US$ 2,9 bilhões, contra a previsão anterior de US$ 1,8 bilhão. De janeiro a agosto, essa conta ficou positiva em US$ 1,555 bilhão, contra US$ 1,562 bilhão em igual período de 2014.
Quando o País tem déficit em conta-corrente, ou seja, gasta além de sua renda, é preciso financiar esse resultado com investimentos estrangeiros ou tomar dinheiro emprestado no exterior. O investimento direto no país (IDP), recursos que entram no Brasil e vão para o setor produtivo da economia, é considerado a melhor forma de financiar esta conta por ser de longo prazo.
Nesse quesito, o rebaixamento da nota Brasil pela Standard & Poor’s, no começo do mês, ajudou a afetar a projeção de entrada de dólares no Brasil, uma vez que investidores estrangeiros passam a reduzir sua aposta no País. Nos oito meses do ano, o IDP chegou a US$ 42,169 bilhões, contra US$ 65,433 bilhões nos oito meses de 2014. A projeção do BC para este ano é que esses investimentos cheguem a US$ 65 bilhões, contra projeção anterior de US$ 80 bilhões.
O investimento em ações negociadas no Brasil e no exterior deve chegar a US$ 11 bilhões este ano, contra a projeção anterior de US$ 15 bilhões. Nos oito meses do ano, a entrada líquida (descontada a saída) desses investimentos chegou a US$ 10,127 bilhões.
Na previsão para o investimento em títulos negociados no País, deve haver mais entrada de investimentos do que saída, com saldo positivo de US$ 20 bilhões. A projeção anterior era US$ 26,5 bilhões. De janeiro a agosto, o saldo positivo ficou em US$ 18,719 bilhões.
*Com Agência Brasil
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