A crise econômica que se abate sobre o Brasil é quase ignorada pelo comércio online, o chamado e-commerce, que movimentou R$ 18,6 bilhões só no ano passado. O que o brasileiro está prestes a descobrir é a enorme vantagem de recorrer a cupons online de desconto, uma febre nos Estados Unidos.
Por lá, 50% de tudo o que se vende pela internet é por meio desses cupons, nada menos do que 152 bilhões de dólares em descontos, ou R$ 594 bilhões (em valores atualizados) no ano passado.
Oportunidade quase desconhecida no Brasil, só 8% das vendas do varejo online utilizam cupons – R$ 2,9 bilhões em 2014. CEO do MeuCupom.com (um site que fecha parcerias com empresas para disponibilizar esses cupons), Vitor Clemon estima que o mercado brasileiro acompanhe o americano com atraso de dois anos. “Por isso acreditamos que o sucesso dos cupons no Brasil ainda está por vir. Prevemos mais de 44 milhões de usuários no País até 2018.”
O uso esse benefício faz parte da cultura estadunidense há mais de cem anos. O uso de cupons foi incentivado em momentos históricos do país, como as Guerras Mundiais e a depressão econômica de 1929. “No Brasil, o hábito de usar cupons de descontos surgiu a partir de 2010, com o surgimento dos sites de compras coletivas”, compara Clemon.
Quem já percebeu a vantagem e só recorre a eles na hora de comprar é a gerente de marketing Renata Ximenes. No começo ela não acreditava muito, até que decidiu comprar um tênis na internet. “Saí com 44% de desconto. Como vi que funcionou, toda compra que faço pesquiso antes para ver se existe algum desconto.”
Hoje, de cada dez compras que faz, sete são com desconto. Como mudou de apartamento em agosto, decidiu abusar dos cupons. “Comprei fogão, TV, guarda-roupa, cama, mesa e utensílios domésticos.”
A dica dela é se cadastrar em sites que oferecem esses benefícios e marcar as categorias de interesses. “Assim, você recebe por email as notificações de promoções disponíveis no varejo online.”
Pesquisa do MeuCupom indica que os brasileiros que mais recorrem a esse tipo de pechincha são os amantes da tecnologia, seguidos pelos apaixonados por mobilidade. Cinéfilos e os que preferem assistir a filmes do sofá aparecem logo depois. “O que chama atenção é que o perfil dos chamados ‘heavy shoppers’, os super compradores da web, estão apenas em quinto lugar, quando deveriam ser os primeiros nessa lista”, diz a pesquisa.
Para Ximenes, é preciso uma dose de aposta. “Acho que as pessoas devem acreditar sim que é possível economizar mesmo em época de crise.”
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