O ministro da Fazenda, Guido Mantega, evita classificar de default (calote) a situação da Argentina em relação aos credores dos chamados fundos abutres. Para ele, neste momento, há apenas um “impasse”, pois o mercado “já se adaptou” à crise.
“Acho que o mercado meio que se ajustou a um possível impasse. Não chamaria de default, chamaria de impasse. O mercado já se adaptou. Já precificou. Portanto, não terá no curto prazo nenhuma consequência maior”, disse.
Os fundos têm sido chamados de abutres, porque compraram papéis da dívida argentina a preços baixos depois da moratória de 2001 e entraram na Justiça para cobrar o valor integral, sem o desconto, como aceitaram os outros credores. A Justiça, então, concedeu aos fundos abutres o direito de receber a totalidade da divida (US$ 1,3 bilhão), sem desconto, e com os juros acumulados durante o longo processo.
Mas, para Mantega, a Argentina não pode ser considerada em default porque tem pago as dívidas, inclusive com o Clube de Paris (formado por 19 países), o que ocorreu recentemente. Isso mostra, segundo ele, que a Argentina não está dando um calote. “É uma situação sui generis. [É] uma situação excepcional, porque quem está impedindo ela de fazer os pagamentos é um juiz americano. Acho que ainda há uma margem de negociação.”
O ministro avalia ainda que se a Argentina deixar de fazer os pagamentos aos fundos abutres, esses mesmos investidores também perderão. Por isso, é importante que haja uma negociação. De acordo com Mantega, é melhor para os credores receber uma parte do que nada.
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