Para se discutir o papel econômico do Brasil inserido nesse novo panorama, no qual o mundo parece estar começando a sair de uma crise profunda, a Brasileiros Editora organizou mais uma edição do Seminários Brasileiros – Rumos da Economia, dessa vez tendo como tema seminário “O que fizemos e o que precisamos fazer”.
O Ministro da Fazenda Guido Mantega, principal palestrante do evento, falou pela manhã. Lembrou o Brasil de 10 anos atrás, comentou sobre os desafios do presente e projetou o País que seremos no futuro. Confira a breve entrevista que o Ministro concedeu antes de sua palestra.
Em sua palestra, Guido Mantega, disse hoje discordar da previsão de crescimento de 1,8% para o Brasil em 2014, divulgada na semana passada pelo Fundo Monetário Internacional. O ministro afirmou que o País vai repetir os 2,3% de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) alcançado no ano passado, mantendo-se como um dos poucos países do G-20 (as principais economias do planeta) com expansão superior a 2%. Os Estados Unidos, por exemplo, devem ingressar nessa faixa de crescimento pela primeira vez em cinco anos. Mantega participou na manhã desta segunda-feira do Seminário “Rumos da Economia – O que Fizemos e o que Precisamos Fazer”, organizado pela Brasileiros.
O ministro se disse otimista com a economia e afirmou, em mais de uma ocasião, que o país está ingressando em um novo ciclo de crescimento. Ele atribuiu o pessimismo dos analistas locais e internacionais em relação ao Brasil aos cinco anos de crise internacional. “O mercado tende a exagerar para mais ou para menos. Até 2008 tínhamos um clima de otimismo exagerado. Agora temos essa visão que não condiz com a realidade”, afirmou.
Mantega repetiu que o país passou bem pela crise, melhor que a maioria dos países desenvolvidos e emergentes, e que está preparado para a retomada da economia mundial nos próximos anos. Citou o crescimento da corrente de comércio do país de US$ 100 bilhões para US$ 480 bilhões entre 2002 e 2013 e o crescimento das reservas internacionais para US$ 378 bilhões, nove vezes mais do que há uma década, como sinais de pujança da economia brasileira.
Mantega negou que o governo dê continuidade às políticas anticíclicas iniciadas em 2009 para elevar o consumo, como a desoneração tributária do IPI para automóveis, linha branca e material de construção. Disse não ver mais a necessidade desse tipo de estímulo e que o que tem faltado para a economia crescer acima dos 3% é crédito. Apesar de a inadimplência ter caído para 4,5% este ano – depois de ter superado 7% em 2013 –, os bancos estão extremamente restritivos na concessão de empréstimos, afirmou. O ministro defendeu o crescimento da economia brasileira pelo ganho de produtividade. De acordo como ministro, o crescimento da produtividade vai proporcionar crescimentos do PIB na média de 4% ao ano nos próximos dez anos.
Questionado sobre uma eventual ajuda às montadoras de veículos, que enfrentam queda das vendas no mercado interno e nas exportações para a Argentina, Mantega se esquivou de novos compromissos. Disse que o governo está estudando meios de ajudar a fortalecer as exportações para o país vizinho.
Em relação aos fatores que vão alimentar esse crescimento, o ministro disse que a tendência é que a taxa de investimento vai continuar crescendo a taxas entre 6% e 7%. No ano passado, o crescimento dos investimentos foi de 6,6%. As concessões de infraestrutura devem colaborar com quase R$ 700 bilhões nos próximos cinco anos. Em relação à participação dos investimentos no PIB, que hoje se situam entre 17% e 18%, Mantega afirmou que o ideal seria ter taxas maiores, mas que, mesmo assim, o País segue em bom ritmo, porque a taxa é superior a de países como os EUA e também porque a inflação do setor de máquinas e equipamentos foi inferior à média de alta dos demais preços.
Sobre o rebaixamento da nota de crédito do País pela agência de rating Standard and Poor’s, Mantega voltou a afirmar que foi uma decisão equivocada, baseada na projeção, feita pela própria agência, de que o Brasil não vai cumprir a meta fiscal. “Eu garanto a vocês que vamos cumprir. Tenho responsabilidade”, disse. Segundo ele, o rebaixamento da nota “não teve nenhum efeito sobre o País e o mercado”. O ministro afirmou que o superávit primário, de 1,9% do PIB neste ano e em 2013, deve saltar para 2,5% nos próximos três anos com as melhorias da economia e a manutenção do esforço fiscal.
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