“O alvo não é Mantega; é 2014”, diz Maria da Conceição Tavares

Foto Reprodução / Marcelo Carnaval

Economista portuguesa naturalizada brasileira, a ex-deputada federal Maria da Conceição Tavares concedeu no último domingo, dia 9, uma entrevista ao site Carta Maior. Na conversa, Tavares falou sobre a sugestão da revista inglesa The Economist de que Dilma Rousseff deveria demitir o ministro da Fazenda Guido Mantega caso deseje se reeleger em 2014.

Para a economista, o recado teve origem no Brasil e visa favorecer o candidato da oposição na disputa eleitoral pela presidência. “Pela afinação do coro vejo mais como algo plantado daqui para lá; o alvo é 2014 e o objetivo é fortalecer o mineiro”, declarou ela, claramente se referindo a Aécio Neves, pré-candidato pelo PSDB.

“O coro contra o Mantega não me convence. Nem nas suas alegações, nem nos seus protagonistas, nem na sua batuta”, disse Tavares em outro trecho da entrevista. ” Não acredito nessa geração espontânea nas páginas da Economist, por mais que isso combine com o seu conservadorismo. Não acredito que a motivação seja econômica e não acredito que o alvo seja o Mantega”, afirmou.

Para a economista, a sugestão da publicação é estranha justamente por atacar um país que tem se esquivado da crise econômica mundial que assola os Estados Unidos, a Europa e o Reino Unido, país de origem da The Economist. “A economia inglesa despenca de cabo a rabo atrelada ao que há de mais regressivo no receituário ortodoxo, numa escalada pró-cíclica de fazer medo ao abismo. Então que motivações ela teria para criticar o Brasil com a audácia de pedir a cabeça do ministro da economia de um governo que se notabiliza por não incorrer nas trapalhadas que estão levando o mundo à breca?”, questionou.

Maria da Conceição Tavares também falou sobre a dimensão da crise em todo o mundo, respondendo às críticas da revista de que a atuação de Mantega estaria espantando possíveis investidores estrangeiros do Brasil.

“O investimento está retraído no planeta Terra, nos dois hemisférios do globo. Bem, a isso se dá o nome de crise sistêmica. É disso que se trata. Hoje e desde 2008; e, infelizmente, por mais um tempo o qual ninguém sabe até quando irá, mas não é coisa para amanhã ou depois, isso é certo. Então não existe horizonte sistêmico de longo prazo e sem isso o dinheiro foge de compromissos que o imobilizem. Fica ancorado em liquidez e segurança, em papéis de governo ricos”.

Por fim, a economista também reiterou que não foi ludibriada com os argumentos da publicação inglesa e afirmou acreditar que a sugestão da revista teve sim motivações políticas. “A coisa toda cheira eleitoral. A economia internacional não vai crescer muito em 2013. O Brasil deve ficar acima da média. Mas, claro, nenhum desempenho radiante e eles sabem disso”, completou.


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