O novo presidente da Petrobras, Pedro Parente, foi ministro da Casa Civil no governo Fernando Henrique Cardoso de 1999 a 2002. Seu nome ficou nacionalmente conhecido em 1998, ao ser citado em grampos telefônicos feitos durante a privatização do Sistema Telebrás, e em 2001 comandou o chamado “Ministério do Apagão”, durante a crise energética do País: decretou um racionamento de energia e proibiu eventos noturnos.
O nome de Parente será analisado pelo Conselho de Administração da Petrobras na próxima segunda-feira (23).
Natural do Rio de Janeiro (1953), Parente entrou no Banco do Brasil, por concurso, em 1971, e se transferiu para o Banco Central em 1973. Em 1985, na gestão José Sarney, ocupou os cargos de secretário-geral adjunto do Ministério da Fazenda e secretário de Orçamento do Ministério do Planejamento.
No governo Fernando Collor, presidiu o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) até assumir, em 1991, a Secretaria de Planejamento do Ministério da Economia, na gestão de Marcílio Marques Moreira, tendo ficado encarregado das negociações com o Fundo Monetário Internacional.
Em 1993, Parente foi acusado de participar de reuniões a portas fechadas com integrantes da Comissão de Orçamento do Congresso que resultaram na liberação de emendas parlamentares irregulares. Ele enviou esclarecimentos à CPI do Orçamento, dizendo que as negociações tiveram o objetivo exclusivo de apoiar a aprovação do Orçamento para permitir a estabilização da economia.
Com a ascensão de Fernando Henrique Cardoso à Presidência, em 1995, Parente foi nomeado secretário executivo do Ministério da Fazenda, sob o comando de Pedro Malan. Nesse período, ficou responsável pela renegociação das dívidas dos Estados, no qual o governo federal orientou os governadores a privatizar empresas públicas para reduzir as despesas com pessoal.
Em outubro de 1998, FHC foi reeleito. Em novembro, vieram a pública gravações que revelaram que FHC autorizou o uso de seu nome para pressionar um fundo de pensão estatal a entrar num dos consórcios que participaram do leilão da Telebrás. Em outra conversa, o então ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, chamou Parente de “babaca”: “Pega o Malan e o Pedro Parente, que são dois babacas, faz aquele discurso privatista e monta uma mutreta. Depois, o que aconteceu? O Tribunal de Contas está enchendo o saco deles, tá?”
Após a revelação dos grampos, Mendonça de Barros caiu, enquanto Parente foi promovido: acabou sendo nomeado ministro de Orçamento e Gestão em abril de 1999. Ficou pouco tempo na pasta. Em julho assumiu a chefia da Casa Civil em substituição a Clóvis Carvalho, que havia entrado em confronto aberto com o ministro Pedro Malan.
Na Casa Civil, o principal desafio de Pedro Parente foi enfrentar a crise energética, em 2001, provocada pela redução de investimentos estatais na era FHC. Parente coordenou a Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica (que ficou conhecido como “Ministério do Apagão”), que adotou um racionamento de energia que persistiu até 2002.
Na época, o órgão comandado por Parente estabeleceu cotas para o consumo de energia em praticamente todos os setores da sociedade e proibiu a realização de jogos de futebol e outros eventos de entretenimento à noite: “É o caos. Não há o que fazer”, disse o dirigente esportivo Fábio Koff, do Clube dos 13. Uma auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União) sustenta que o apagão provocou um prejuízo de R$ 45 bilhões ao País. O desgaste provocado pela crise energética contribuiu para a derrota do candidato governista, José Serra (PSDB), nas eleições presidenciais de 2002.
Após o término do segundo mandato de FHC, Parente atuou na iniciativa privada, integrando o conselho de administração da TAM, ALL e Kroton Educacional. Desde 2010 Parente presidia o grupo Bunge no Brasil.
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