Por que a classe C não está na rua?

Meirelles lembra que 44% da população não se identificam com Dilma e nem com o  "Pato da Fiesp" - Foto: Luiza Sigulen/Brasileiros
Meirelles lembra que 44% da população não se identificam com Dilma e nem com o “Pato da Fiesp” – Foto: Luiza Sigulen/Brasileiros

O Brasil está mesmo dividido entre pró e contra governo? Entre ricos e pobres? O presidente do Instituto Data Popular, Renato Meirelles, acredita que não. Em palestra para o seminário Rumos da Economia 2016, promovido pela Revista Brasileiros, Meirelles lembra que 44% da população, ou as camadas mais pobres dela, não se identificam com o governo da presidenta Dilma Rousseff e nem com “o pato da Fiesp”.

“Quem está na rua?”, perguntou o especialista em sua palestra? “A elite”, ele mesmo respondeu. Enquanto quem defende o impeachment é “é uma elite branca” ligada à iniciativa privada, quem pede a permanência do governo é uma outra elite, formada por “professores e funcionários públicos”.

E onde está o povo? “Esses 44% [da população que formam a classe C] não enxergam que a galera do Pato da Fiesp vai resolver a vida deles e o governo erra na narrativa do golpe.” Meirelles explica que os governistas acreditam piamente que a população considera que a democracia está consolidada, “o que não está”. “Eles não querem defender uma presidenta da qual não gostam. Eles querem defender um Estado que gere oportunidades reais, fazendo a economia melhorar a vida delas.”

O presidente do Data Popular faz uma comparação: “É difícil para aquele que conhece o gosto da alcatra voltar para o pão com ovo. Perder o crédito, o carro. E no último ano, essa situação se agravou”. É por isso, diz ele, que 72% dos brasileiros acham que esta é a pior crise que o Brasil já viveu, embora não seja verdade.

O próprio Meirelles explica: “É a primeira vez que uma crise desta proporção atinge metade dos brasileiros. Metade dessas pessoas eram crianças ou não tinham nascido na hiperinflação. É a primeira vez que o brasileiro tem esse sentimento de perda, de ter dado um passo para trás.” Mesmo assim, a oposição conseguiu a “proeza” de perder a eleição, resultando no golpe tentado por ela agora. “Não é fácil perder eleição quando 73% da população queria mudança. A oposição conseguiu essa proeza.”

O seminário Rumos da Economia acontece todo ano. Promovido pela Revista Brasileiros, tem por objetivo discutir o cenário econômico do presente e apontar os caminhos para o desenvolvimento do País.

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