A notícia da recessão brasileira, anunciada nesta sexta-feira (28) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), trouxe consigo um número surpreendente: apesar dos esforços do governo federal em cortar despesas, União, Estados e municípios aumentaram seus gastos em 0,7% entre abril e junho, justamente o recuo (-0,7%) registrado no PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre. Com a retração de 1,9% nos três meses seguintes, o País entrou tecnicamente em recessão. O PIB do segundo trimestre foi de R$ 1,43 trilhão.
No mesmo período em que os governos gastaram mais, o consumo das famílias caiu -2,1%. No primeiro semestre, os investimentos encolheram 8,1%, a Indústria 4,3% e Serviços 0,7%.
As despesas além da conta podem ser atribuídas, em parte, à dificuldade que a presidente Dilma Rousseff vem enfrentando no Congresso para aprovar cortes de gasto. Cresce, assim, a expectativa em Brasília de que o Palácio do Planalto inclua no Orçamento Geral da União uma proposta para trazer de volta a CPMF, o imposto sobre transações bancárias.
Quando a CPMF foi extinta, o governo ficou sem R$ 40 bilhões, cifra suficiente para, praticamente sozinha, garantir o cumprimento da meta de economia para o ano que vem, estimada em R$ 43,8 bilhões.
Para o mercado financeiro, o descontrole nos gastos ocorreu no primeiro mandato da presidente, que, para evitar alta do desemprego, expandiu os gastos públicos, disparando a inflação. Para colocar as contas novamente em ordem, Dilma escalou Joaquim Levy (Ministro da Fazenda) no início do segundo mandato com a missão de implementar o chamado ajuste fiscal, que acabou aprofundando a recessão.
Em palestra na Fundação Getúlio Vargas (FGV) na última quarta-feira (26) em São Paulo, o ex-ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto (1967-1974) afirmou que a irresponsabilidade fiscal extrapolou em 2014: “Até 2013, não se tinha grandes problemas. No ano seguinte, ela [Dilma] destruiu as finanças publicas para conseguir a reeleição.”
No mesmo encontro, o ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, cutucou o governo ao dizer que o ajuste fiscal adotado por Dilma “nunca funcionou no resto do mundo”.
*Com Agências
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