A taxa de juros do cheque especial continuou a subir em abril. De acordo com dados do Banco Central (BC), divulgados nesta quarta-feira (25), a taxa do cheque especial subiu 7,9 pontos percentuais, de março para abril, para 308,7% ao ano, a maior taxa da série histórica do banco, iniciada em julho de 1994.
Já a taxa de juros do rotativo do cartão de crédito caiu 0,8 ponto percentual. Mesmo assim, continua sendo a mais alta das taxas pesquisadas pelo BC. Em abril, essa taxa ficou em 448,6% ao ano.
O rotativo é o crédito tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão. Essa é a modalidade com taxa de juros mais alta na pesquisa do BC.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, disse que as taxas de juros do cheque especial e do cartão de crédito são as que mais sobem, principalmente em momentos de incertezas na economia. “Tem aumento de risco, tem retração da atividade econômica”, disse. Em 12 meses, a taxa de juros do cheque especial subiu 82,8 pontos percentuais, a do rotativo do cartão de crédito, 101,2 pontos percentuais, enquanto a do crédito pessoal subiu 17,8 pontos percentuais. “O uso desses empréstimos [rotativo do cartão de crédito e cheque especial] tem que ser feito com muita cautela, por períodos muito curtos”, disse Maciel.
A taxa média das compras parceladas com juros, do parcelamento da fatura do cartão de crédito e dos saques parcelados subiu 4,8 pontos percentuais e ficou em 150,7% ao ano.
A taxa do crédito pessoal subiu 4,6 pontos percentuais para 130,8% ao ano. Já a taxa do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) caiu 0,2 ponto percentual para 29,7% ao ano.
A taxa média de juros cobrada das famílias subiu 1,6 pontos percentuais, de março para abril, quando ficou em 70,8% ao ano.
A inadimplência do crédito, considerados atrasos acima de 90 dias, para pessoas físicas ficou estável em 6,2%.
No caso das empresas, a taxa de inadimplência ficou em 5,1%, alta de 0,2 ponto percentual. A taxa média de juros cobrada das pessoas jurídicas ficou estável em 31,1% ao ano.
Esses dados são do crédito livre em que os bancos têm autonomia para aplicar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros.
No caso do crédito direcionado (empréstimos com regras definidas pelo governo, destinados, basicamente, aos setores habitacional, rural e de infraestrutura), a taxa de juros para as pessoas físicas ficou em 10%, queda de 0,1 ponto percentual. A taxa cobrada das empresas caiu 0,3 ponto percentual para 11,6% ao ano. A inadimplência das famílias ficou em 2,1% e das empresas em 1,2%, com alta de 0,2 ponto percentual.
O saldo de todas as operações de crédito concedido pelos bancos caiu 0,6%, em abril, quando ficou em R$ 3,142 trilhões. Esse valor correspondeu a 52,4% de tudo o que o país produz – Produto Interno Bruto (PIB), ante o percentual de 53% registrado em março deste ano.
“A desaceleração no mercado de crédito se deve, principalmente, à retração do nível da atividade econômica, à elevação das taxas de juros e ao patamar reduzido dos indicadores de confiança de empresários e consumidores, que afetam negativamente a oferta e a demanda de crédito”, diz o relatório do BC.
*Reportagem de Kelly Oliveira, da Agência Brasil
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