“Temer deve aumentar recessão para satisfazer quem o colocará no cargo”, prevê professor da Unicamp

Pedro Rossi questiona ajuste fiscal no seminário da Brasileiros, Rumos da Economia - Foto: Luiza Sigulem/Brasileiros
Pedro Rossi questiona ajuste fiscal no seminário da Brasileiros, Rumos da Economia – Foto: Luiza Sigulem/Brasileiros

O ajuste fiscal do ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy fracassou, mas ele deve acabar aprofundado em um eventual governo Michel Temer por uma razão muito simples: se de fato assumir a cadeira da presidenta Dilma Rousseff, o presidente licenciado do PMDB terá de dar uma satisfação para quem o colocar lá: o mercado financeiro e empresarial, como a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que nos bastidores apoiam o golpe de Estado em curso. A opinião é do professor do Instituto de Economia da Unicamp, Pedro Rossi, que na última sexta-feira (6) participou do seminário Rumos da Economia 2016, promovido pela Revista Brasileiros.

Rossi não tem dúvidas de que o “ajuste de Levy fracassou” e que “é preciso discutir isso”. Segundo o professor, os economistas ortodoxos – liberais – tratam o ajuste fiscal como aqueles remédios folclóricos vendidos em praças públicas capazes de curar todos os males. “É o remédio para o crescimento, lucratividade, fim da inflação”, compara.

Mesmo não sendo verdade, o “ajuste” deve ser aprofundado por Temer. “Ele vai colocar o ajuste para quem o pôs ali e por o crescimento para baixo. Ou ele pode tentar conciliar, e acho que ainda há espaço para debate”, avaliou.

Para o economista, a proposta do peemedebista de reduzir o poder de lei da CLT, aumentar a participação estrangeira na Petrobras e enfraquecer os bancos públicos não pode ser levada a cabo, uma vez que o projeto econômico vencedor nas últimas eleições presidenciais recomendava exatamente o oposto. “[Esse ajuste] tem de ser discutido nas urnas, em debate em 2018, ser legitimada pela maioria para então ser implementada, mas agora não”, cravou.

A questão por trás do ajuste, explica, é mudar a Constituição para que os gastos obrigatórios com saúde e educação, por exemplo, sejam reduzidos, dinheiro que seria transferido para pagar juros da dívida pública. “Ele vai colocar o ajuste fiscal em primeiro plano, ou [vai priorizar] o emprego e o crescimento?”, questionou?

O seminário Rumos da Economia acontece todo ano. Promovido pela Revista Brasileiros, tem por objetivo discutir o cenário econômico do presente e apontar os caminhos para o desenvolvimento do País.

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