O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, voltou a defender nesta segunda-feira (1) as medidas de ajuste fiscal propostas pelo governo. Dessa vez, ele lançou mão de comparações internacionais para mostrar que, em quase todos os países do mundo, há necessidade dessa iniciativa, em função dos estragos causados pela crise de 2008.
“As principais economias estão fazendo o ajuste, mas a um ritmo menor do que o brasileiro”, afirmou. O tranco tem de ser maior aqui porque “a taxa de juros que incide sobre a dívida pública é muito alta”, disse, durante o seminário Os Desafios do Ajuste Fiscal Brasileiro, promovido pelo Centro de Estudos do Novo Desenvolvimentismo da Escola de Economia da FGV-SP, em parceria com a Associação Keynesiana Brasileira.
Segundo Barbosa, o ajuste do Brasil é similar ao promovido pela França e pela Alemanha. Em comparação com os BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), assim como com a América Latina, a velocidade do País é maior e novamente os elevados juros aqui determinam o ritmo.
Ele considera bastante factível atingir a meta ajustada de superávit primário (receitas, menos despesas, antes do pagamento dos juros) de 1,1% neste ano, ante um déficit de 0,6% em 2014, e de 2% a partir de 2016. O ministro afirmou que o corte do R$ 69,9 bilhões das despesas discricionárias propiciará um reequilíbrio fiscal gradual.
Sobre sua suposta divergência com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a respeito do tamanho do corte – o que teria feito com que este não comparecesse à cerimônia do anúncio, alegando gripe, Barbosa disse: “Está uma gripe brava em Brasília. Vocês repararam como estou rouco.” E ele estava mesmo.
Perguntado como é possível uma projeção de crescimento de receitas em 2015, com a queda do PIB estimada entre 1% e 2%, Barbosa disse que estas previsões são revistas de dois em dois meses. Ele acredita no crescimento da receita com base em arrecadação vindas de operações extraordinárias, como abertura de capital da Caixa Seguros, e a revisão das desonerações, como IPI.
O ministro assegurou que o governo mantém suas prioridades em destinação a áreas sociais, como Saúde, Educação e programas de distribuição de renda. “O Bolsa Família foi muito preservado. Serão R$ 27,7 bilhões neste ano, ante R$ 26 bilhões em 2014.” Para a Educação, haverá mais R$ 15,1 bilhões, além do mínimo constitucional, e para a Saúde, R$ 3 bilhões.
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